MUSEU NACIONAL APRESENTA GIGANTE VOADOR BRASILEIRO

 

Com o título acima, o JC e-mail 4688, de 20 de Março de 2013 apresentou uma breve notícia divulgada pela Assessoria de Imprensa do Museu Nacional/UFRJ) sobre o maior fóssil de pterossauro descoberto no hemisfério sul e o terceiro no mundo, transcrita a seguir.

 

O mais importante réptil voador pré-histórico, já encontrado no Brasil, foi apresentado nesta quarta-feira, 20, no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro, na Quinta da Boa Vista. Trata-se do maior fóssil de pterossauro descoberto no hemisfério sul e o terceiro no mundo. Media em torno de 8,5 metros de uma ponta à outra da asa. Um modelo em tamanho natural do esqueleto e outro da cabeça em vida do gigante voador, construídos nos laboratórios do Museu, poderão ser vistos pelo público a partir de 22 de março.

 

 

O que torna este exemplar de pterossauro especial é o fato de o fóssil ser o mais completo já encontrado, com quase todo o esqueleto preservado, incluindo o crânio. A descoberta é resultado do trabalho de três grupos de pesquisadores de diversas instituições brasileiras, em escavação controlada, na Chapada do Araripe, entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí, sendo parcialmente financiada pela Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro).

O estudo, publicado nos Anais da Academia Brasileira de Ciências esta semana, confirma que a Bacia do Araripe reúne alguns dos mais importantes depósitos de fósseis do mundo. O trabalho inclui outros dois animais de grande porte encontrados no mesmo local.

 

Pela relevância da pesquisa, realizada ao longo de anos por pesquisadores brasileiros, o Rio de Janeiro foi escolhido para sediar o encontro internacional sobre pterossauros em maio de 2013, que apresentará o estado da arte das pesquisas sobre esses répteis voadores (www.museunacional.ufrj.br/riopterosaur).

 

 

 

Gigantes Voadores

Enquanto os dinossauros dominavam a terra firme, entre 220 milhões e 65 milhões de anos atrás, a Era Mesozoica, um grupo de vertebrados se lançava ao ar e tornava-se o senhor dos céus do planeta: os pterossauros, ou répteis voadores. Com apenas duas centenas de espécies conhecidas, esses animais conviveram com as aves primitivas, desaparecendo no final do período Cretáceo, juntamente com a maioria dos dinossauros.

Apesar de estudados há mais de 200 anos, ainda existe muita controvérsia relacionada a esses animais. Um dos motivos é o pequeno número de depósitos com fósseis bem preservados do grupo. Um desses depósitos, conhecido como Formação Romualdo, situa-se no Brasil e aflora nas escarpas da Chapada do Araripe, entre os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí. Nessas rochas, cuja idade é de 110 milhões de anos, os fósseis estão preservados em nódulos calcários com pouca ou nenhuma distorção, fato raro no mundo.

 

A Pesquisa

Uma equipe formada por pesquisadores de diversas instituições brasileiras – entre elas o Museu Nacional, a Universidade Regional do Cariri e o Museu de Ciências da Terra do DNPM – realizou o estudo de três exemplares desses répteis alados procedentes da Formação Romualdo e unidos por uma feição comum: todos excepcionalmente grandes.

O primeiro dos três exemplares é formado por uma asa que representa um indivíduo com abertura alar de mais de cinco metros. No entanto, muitos ossos não estão fusionados, o que indica tratar-se de um animal ainda jovem, em fase de crescimento quando morreu.

O segundo é um fragmento de osso do braço (úmero) que, apesar de bastante incompleto, chama atenção pelo seu tamanho, o maior de todos já encontrados no Brasil. Este também mostra como o esqueleto dos pterossauros era frágil: a parede externa do osso não tinha mais do que dois milímetros. O reforço é dado por trabéculas (hastes de ossos) na parte interna, propiciando maior resistência e, ao mesmo tempo, economia de peso, uma grande vantagem para um animal que quer voar.

O terceiro e mais completo é um indivíduo com quase todo o esqueleto preservado, incluindo o crânio. Apesar de muitos ossos estarem quebrados, foi possível a sua reconstituição. Atingia em torno de 8,5 metros de uma ponta à outra da asa. O espécime foi atribuído à espécie Tropeognathuscf.mesembrinus, que já era conhecida por animais menores.

 

O estudo da estrutura de tecidos ósseos desse fóssil, através de uma lâmina paleohistológica (onde pedaços do tecido são retirados, montados sobre uma placa de vidro e examinados com auxílio de microscópios), comprovou que se tratava de um animal adulto, cujo crescimento estava perto de terminar. A espécie pertence ao grupo conhecido como Anhangueridae, animais que se caracterizam por possuírem crista tanto na parte anterior do crânio como na parte anterior da mandíbula, além de uma dentição indicativa de que se alimentavam de peixes. É um grupo encontrado em várias partes do mundo, com registros no Marrocos, Inglaterra, Mongólia, Estados Unidos, China e sobretudo no Brasil. Sendo, portanto, cosmopolita.

 

Importante Depósito de Fósseis

O estudo demonstrou que há 110 milhões de anos, na região onde se encontra a Chapada do Araripe, no Nordeste do Brasil, os céus eram povoados por pterossauros de grande porte: um verdadeiro celeiro de répteis alados gigantes. Demonstrou, ainda, que o gigantismo nesses répteis voadores ocorreu bem antes do que se supunha anteriormente e não era limitado apenas a espécies encontradas no final do período Cretáceo, mais especificamente entre 72 e 65 milhões de anos.

O novo exemplar confirma que a Bacia do Araripe reúne alguns dos mais importantes depósitos de fósseis do mundo. O estudo foi publicado nos Anais da Academia Brasileira de Ciências (www.abc.org.br) e contou com a participação dos pesquisadores Alexander W. A. Kellner, Diogenes de Almeida Campos, Juliana Manso Sayão, Antônio A. F. Saraiva, Taissa Rodrigues, Gustavo Oliveira, Lilian Alves da Cruz, Fabiana R. Costa, Helder de Paula Silva e Jennyfer Sobreira Ferreira.

 

A Visitação

O público poderá conhecer as novas descobertas com a inauguração da exposição sobre pterossauros, na sala de Paleontologia do Museu Nacional/UFRJ, a partir de 22 de março. Com peças originais e réplicas de diferentes partes do mundo, a mostra, que foi apoiada pela Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), também contará com uma atividade interativa em que o visitante poderá simular o vôo de um desses animais alados. O Museu Nacional fica no parque da Quinta da Boa Vista, no Bairro Imperial de São Cristóvão, no Rio de Janeiro.

 

 

À parte a “cronologia padrão” evolucionista adotada nesta notícia, juntamente com frases de efeito como “um grupo de vertebrados se lançava ao ar”, não deixa de ser interessante serem nela ressaltados aspectos que são defendidos pela estrutura conceitual criacionista como os seguintes:

1.    “Apesar de estudados há mais de 200 anos, ainda existe muita controvérsia relacionada a esses animais” – o que certamente mostra que até hoje não se conseguiu demonstrar a existência de fósseis intermediários que validassem a existência da suposta árvore evolutiva dos seres vivos.

2.    “Com apenas duas centenas de espécies conhecidas, esses animais conviveram com as aves primitivas” – o que, sem dúvida, também invalida a hipótese de serem os pterossauros ancestrais das aves (mesmo as consideradas como “primitivas”).

3.    “Os fósseis estão preservados em nódulos calcários com pouca ou nenhuma distorção” – o que também favorece a estrutura conceitual criacionista de um grande dilúvio universal em que os seres que então viviam foram fossilizados após seu soterramento e morte rápida, principalmente por falta de oxigênio e não necessariamente por dilaceração.

4.    “O gigantismo nesses répteis voadores ocorreu bem antes do que se supunha anteriormente” – o que também condiz com a observação geral criacionista de que anteriormente à catástrofe do dilúvio as condições ambientais eram propícias à vida de seres de porte muito maior do que posteriormente.

 

JC de 20 de Março de 2013

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