(GENEALOGIA INVOLUTIVA DE UM SÉCULO DE CATASTROFISMO
NA HISTÓRIA DA ARTE)

Nota Editorial da S.C.B.

Para a melhor compreensão da inserção da Arte no contexto da controvérsia entre as estruturas conceituais criacionista e evolucionista, faz-se, a seguir, um apanhado histórico das várias fases e movimentos artísticos que surgiram desde meados do século passado, mostrando-se a sua conexão com o pensamento evolucionista. Fica patente a importância dada ao caos, ao subjetivismo, e ao relativismo na criação artística que passa a sofrer a influência das concepções evolucionistas, em contraposição ao planejamento, ao propósito e ao desígnio que caracterizam as obras-de-arte provindas da elaboração criativa de fundo criacionista (mesmo estando ele somente implícito na aceitação de um absoluto que é procurado pelo artista nas formas de seu estilo pessoal).

Esta Nota Editorial proveio de uma compilação sobre a História da Arte baseada principalmente nos Volumes PINTURA IV, V e VI da coleção intitulada “História Geral da Arte”, publicada pelas “Ediciones del Prado”.

O Realismo e o Naturalismo

O Realismo é tão multimilenar quanto a própria Arte, tendo deixado suas manifestações nas pinturas rupestres, nas esculturas e murais mesopotâmicos, na arquitetura, nas pinturas, e nas esculturas egípcias, bem como no vale do Indo e na China. Constituindo a Arte uma excelente maneira de exploração visual, mental ou sensorial, o Realismo na pintura converte-se em um modo operativo para a apreciação direta do visível (mediante vários procedimentos, como por exemplo o traço – com seu poder definidor – ou por alguma síntese seletiva ou intensificadora de aspectos mais característicos), fazendo-nos acreditar que estamos em frente de uma representação muito “semelhante” à realidade. O Realismo supõe, assim, uma atitude sensorial, embora não exclua a possibilidade da coexistência dela com outras atitudes “mentais”, “intelectuais” ou “espirituais”.

Decidido a contrapor o “objetivo” ao “subjetivismo” do Romantismo, foi também o Realismo o porta-voz de inquietudes políticas, do patriotismo, e do nacionalismo. Aos poucos encontrou-se, assim, o Realismo no meio de crescentes exigências temáticas e pictóricas, e passou a preocupar-se cada vez mais com os espetáculos dos salões e certames oficiais nacionais ou internacionais, sob a mira de jurados, da imprensa e da crítica “qualificada”, submetido à análise da pertinência estética, da sinceridade de motivos, da oportunidade do tema social representado, da erudição histórica, e da lição humana ou nacional pretendida.

Tanto e tão bem se pintou no século passado, que a pintura chegou a atrair cada vez mais a atenção do público, crescendo o número de espectadores e dos “entendidos”. À medida em que avançava a segunda metade do século, porém, o Realismo se converteu em algo diferente, embora aparentemente semelhante ao Realismo inicial – transformou-se em Naturalismo.

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