O autor é poeta, ensaista e crítico de arte, e este seu artigo foi publicado em 27 de setembro de 1993 no Suplemento Cultural da UNESPA, hoje Universidade da Amazônia, com sede em Belém. Os Editores da S.C.B. julgaram que seria de interesse dos leitores da Folha Criacionista tomar conhecimento das interessantes observações feitas pelo autor em um campo no qual também se faz sentir a influência deletéria das teorias evolucionistas.

“A incapacidade da crítica em reconhecer o valor da pintura impressionista, quando esta surgiu, gerou nos críticos futuros um complexo de culpa e uma intimidação tal que, hoje, tudo o que se anuncia como novidade, a crítica se sente obrigada a aprovar.” Essa observação foi feita por John Canaday, há muitos anos, quando exercia a crítica de arte do New York Times. E ele acrescentou então: “Se hoje um pintor espremer uma bisnaga de tinta no nariz do crítico, ele será capaz de ver nisso uma manifestação de alta criatividade…”

O sarcasmo de Canaday reflete a perda de referência a que já haviam chegado, nos anos sessenta, críticos e artistas, não apenas nos Estados Unidos, mas no mundo inteiro. A instituição da novidade como valor fundamental da arte tornou-se uma espécie de terrorismo que inibe o juízo crítico e garante a vigência impune de qualquer idéia idiota. Como nas organizações políticas radicais, onde o exercício da sensatez pode ser tomado como indício de covardia ou traição, assim nos campos da “vanguarda”, levantar dúvidas sobre qualquer suposta inovação já era naquela época atitude suicida: quem a isso se atrevesse era imediatamente taxado de retrógrado, como hoje é taxado de “careta”.

Com isso criou-se uma espécie de conivência (forçada ou não) entre artistas e críticos, que terminaram – devido precisamente ao esoterismo de seu universo estético – por constituírem uma espécie de seita.(1) Como esse prestígio da novidade é consubstancial à nossa civilização consumista, ela, mesmo sem entender, e também por oportunismo, avaliza as extravagâncias estéticas abrindo-lhes as portas das instituições oficiais e comerciais.

Notas dos Editores

Este é exatamente o comportamento observado no campo não menos radical da Ciência, relativamente à estrutura conceitual do Evolucionismo em geral, e do Darwinismo em particular.
Não seria mera coincidência tal ruptura ocorrer também no campo da Ciência, com o surgimento do Darwinismo em 1859, tudo indicando, assim, a existência de estreita correlação entre essas duas visões niilistas do mundo.
Esta atitude também é exatamente semelhante à que resultou no campo da Ciência, sob os influxos do Evolucionismo e do Darwinismo.
Esta conseqüência é exatamente igual ao grande equívoco que se verificou no campo da Ciência no confronto entre as estruturas conceituais criacionista e evolucionista.

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