Foi cognominado o médico de família da América, quando completou seu mandato de Ministro da Saúde dos Estados Unidos, exercido de 1981 a 1989. Anteriormente, por 35 anos havia sido cirurgião chefe do Hospital Infantil de Filadélfia, notável por seu êxito em reparar defeitos em bebês prematuros e defeituosos.

Por Bem Clausen

No transcurso de seu primeiro ano no Hospital Infantil, pouco a pouco foi se apercebendo do que significava ser cristão. “Como uma pessoa cuja educação e experiência me haviam dado completa fé na ciência, cheguei a compreender uma verdade mais elevada. Dali em diante vi a coexistência entre a ciência e Deus”. No Hospital Infantil, ensinou aos residentes não somente a dominar a ciência médica, mas também a compartilhar o elixir da bondade humana com os pacientes angustiados. Dois incidentes causaram profundos impactos em sua compreensão espiritual. Em 1968, seu filho de 20 anos, ao escalar uma montanha, encontrou a morte. Ao escrever, em sua dor, Koop reflexiona, “Deus era poderoso para salvá-lo, porém em Sua soberania escolheu não fazê-lo”. Logo mais, em 1981, teve momentos amargos porque os críticos de sua posição cristã buscaram motivos para impedir sua nomeação como Ministro da Saúde da nação. Ele disse que, em sua leitura bíblica matutina, com sua esposa, “foi-nos de grande ajuda o chamado de Deus a Abraão para deixar seu lar, e a Primeira Epístola de Pedro, capítulo 4, que indica como atuar quando se é vilipendiado”.

 

O que seus oponentes combatiam eram as suas convicções: O Dr. Koop se opunha ao aborto, ao sexo fora do matrimônio, ao homossexualismo, à propaganda do tabaco, especialmente por aqueles que procuravam aumentar seu uso no terceiro mundo, e considerava o cigarro igual à heroína.

 

Contudo, ele prefere chamar-se de evangélico e não de fundamentalista, porque evangélico é um “mensageiro, que leva boas novas da misericórdia de Cristo”. Preferia a atitude do afetuoso médico de família à de moralista rabugento. Respeitava o valor da vida: da alta sociedade, das crianças desnutridas, das mulheres que sofrem abusos, dos ativistas, como também daqueles com AIDS. Era muito bondoso com todos os debilitados e os carentes de direitos. No final do período em que ocupou o cargo de Ministro da Saúde da nação, muitos de seus críticos anteriores agora o aplaudiam, e alguns daqueles que o apoiaram, agora o desdenhavam. Isso talvez, por causa de três posições que tomou:
1. No caso jurídico de um bebê nascido com defeito físico, ao qual privaram de alimento para encurtar-lhe a vida, Koop formulou regulamentos estritos para evitar repetições, porém o tribunal os rejeitou. Então Koop os modificou em parte, para que fossem aprovados. Isto desgostou aos intransigentes, porém ele preferiu alguma coisa, antes que nada. No mundo “não se pode tornar ilegal tudo o que é imoral”.
2. Buscou apoio para encontrar remédios para a AIDS. Os conservadores não o apoiavam porque consideravam a AIDS “castigo de Deus”. Apesar de não concordar com a promiscuidade sexual, considerava que, como Ministro deveria interessar-se pela saúde tanto de pessoas morais como de imorais. Por isso, favoreceu a educação sexual e a educação preventiva. Até os homossexuais o respeitavam e depositaram confiança nele.
3. Quando preparou seu informe sobre os efeitos do aborto na mulher, consultou 255 estudos. Encontrou alguns estudos que o consideravam perigoso, e outros não, e achou falhas metodológicas em todos os estudos. Não encontrou prova incontroversa do dano, e por isso não pôde regulamentar, como queria, a prática do aborto. Muitos que o haviam apoiado advogavam uma regulamentação com base nos conceitos morais, e não aceitavam que ele dissesse que não poderia ser desonesto, porque faltava evidência científica.
Por causa da sua honestidade intelectual, moral e ética, chegou a ser um dos servidores públicos mais admirados dos Estados Unidos, e recebeu o mais importante reconhecimento civil, a “Medalha Presidencial de Liberdade”. Este é um caso notável de alguém que integrou com êxito sua vida religiosa com sua vida profissional.

 

Referências
Koop: “The Memories of America’s Family Doctor”. C. E. Koop 1991.
“Soul Survivor: How my Faith Survived Church”. Philip Yancei 2001, pp. 179-203.
Site: http://www.drkoop.com

Wikipedia de C. Everett Koop

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