JAMES DANA (1813-1895)

James Dwight Dana (1813-1895) é considerado por alguns como o geólogo americano de vanguarda do século dezenove. De 1838 a 1842 foi geólogo e mineralogista da Expedição Exploradora no Pacífico que cartografou as ilhas e escreveu as monografias dos crustáceos e corais daquela área. Foi editor da revista científica American Journal of Science. Escreveu um Manual de Geologia que serviu de consulta para quase todo geólogo norte americano e foi um texto básico para duas gerações de estudantes na Yale University. Quando tinha apenas 24 anos escreveu o texto O Sistema de Mineralogia de Dana que chegou a ser o modelo de referência para classificar os minerais por sua química e sua cristalografia. Este texto tem mantido a posição de referência básica para a mineralogia por mais de 150 anos, com sete edições.

 

Por Bem Clausen

Dana pertencia a uma família de firmes conceitos religiosos, que aceitava as Sagradas Escrituras como a palavra literal de Deus. Seu intelecto aceitava as doutrinas do cristianismo e seu coração aceitava seus preceitos. Mesmo como homem de ciência, fez uma aberta profissão de fé como membro da Primeira Igreja (protestante) de New Haven, Connecticut. Seus biógrafos têm afirmado que uma vida de pesquisa e o ensino da ciência eram sua maneira de servir a Deus. Segundo a visão de mundo que Dana aceitava, a ciência “tem como objetivo decifrar alguns termos novos no Livro da Natureza, para que possamos aprender a vontade d’Aquele que ordenou todas as coisas no devido lugar, e poder assim compreender mais plenamente suas leis no governo da natureza.” (Dott, 248)
Pela sua grande capacidade de proporcionar uma síntese geológica global, a velha tectônica global de Dana foi uma das maiores contribuições feitas para a geologia teórica na América do Norte. Dana aceitava a teoria sustentada há tempos, de que a Terra havia se originado como uma massa incandescente, e de que pouco a pouco se havia contraído ao esfriar-se. Também reconhecia as diferenças geológicas entre os continentes e as bacias oceânicas, que ele cria terem aparecido logo no início na história do planeta. Cunhou o termo geosinclinal para uma ampla forma sedimentar com dezenas de quilômetros e relacionada com a formação de montanhas, em que os sedimentos teriam se acumulado em camadas de milhares de metros de espessura nas margens continentais. Disto teria resultado a formação concêntrica das cadeias montanhosas que circundaram o antigo interior do continente norte americano.

Dana imaginava a América do Norte como um exemplo simples e perfeito de evolução continental, que estaria “revelando o plano da criação de Deus” melhor que qualquer outro. A América, segundo Dana, havia sido provida pelo Grande Projetista justamente com os elementos estruturais que eram necessários para que os geólogos americanos pudessem vir a ser os professores dos geólogos da Europa. Assim nasceu o conceito de ascenção continental ou concreção, com “a contração como o poder, sob a direção divina, para tornar a Terra habitável, para adequá-la à nova idade, a Idade do Homem.” Através de todo seu Manual de Geologia há referências religiosas que apresentam o homem como a culminação da história da Terra. Dana acreditava em um Criador benevolente que ele denominava como “Poder Superior à Natureza” que havia preparado a Terra para benefício de seus filhos, como culminação da sua história. Para Lyell, a geologia era um processo cíclico, não direcional, dependente de forças que não eram sobrenaturais. Para Dana, ela era dirigida e progressiva, com uma história posta em movimento por um Criador com o objetivo de preparar um lar para a humanidade.

Embora indiscutível defensor da ciência, Dana comodamente incluiu a reconciliação da geologia com o Gênesis em seu livro texto, não sustentando uma visão estritamente uniformista da história da Terra. Sustentava, sim, que a vida havia mudado de forma de muitas maneiras, porém sempre aumentando sua complexidade não pelo acaso, mas sim de acordo com certo planejamento. Freqüentemente lutava entre sua piedade e sua ciência. Uma aguda crise lhe sobreveio quando Darwin apresentou a teoria da evolução, da qual somente aceitou algumas partes. Ele havia sido um campeão na evolução física da Terra, porém tinha sérias dificuldades para aceitar a evolução orgânica. Diz-se que T. H. Huxley certa vez disse: “Dana escreve com um olho no fato e o outro em Gênesis.”

Dana era muito ativo em sua igreja, dava estudos bíblicos e era pianista da igreja. À mesa, dava graças pelo alimento. Em seus últimos anos escreveu: “Continuo meu trabalho com regozijo, olhando para a luz brilhante do lar acima para onde a terra converge”.

Referências:
• James Natland. GSA Today. v. 13 nº.2 , pp. 20, 21 (fev.2003).
• Robert Dott. American Journal of Science. v.297 nº.3, pp. 283-311 (mar. 1997).
• Julie Newell. American Journal of Science. v.297 n.3, pp. 273-282 (mar. 1997).

 

 

 

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