Knuth é membro da Academia Nacional de Ciências e recebeu dos Estados Unidos a Medalha de Ciências de 1979. Atualmente é Professor Emérito de Arte de Programação em Computação na Universidade de Stanford.
Possivelmente seja o cientista da computação mais conhecido atualmente. Ele desenvolveu o software TeX e a Metafont, que têm sido adotados por cientistas em todo o mundo, e são usados comumente hoje nos textos técnicos. Na introdução do seu livro “The TeXbook”, diz: “Caro leitor, este é um manual do TeX, um novo sistema de tipografia que tenta criar bons livros – especialmente os que contêm muita matemática”.
Por Bem Clausen
Quando era criança, Knuth “aprendeu muitas histórias da Bíblia e decorou muitas passagens bíblicas”. Enquanto fazia seu doutorado no Instituto Tecnológico da Califórnia, ele frequentava aulas de Bíblia dadas pelo Dr. W. Schroeder do Departamento de Química do Caltech. Ele descobriu que: “o estudo da Bíblia podia prover … estímulo duradouro a uma pessoa que já possua uma boa educação na maioria das áreas”. Quinze anos mais tarde, ele mesmo organizou uma classe bíblica baseada nos princípios científicos, porque cria que “Deus deseja que a Bíblia seja lida por homens de ciência como também por pessoas que não têm essas maneiras estranhas de pensar”.
Examinando o capítulo três, versículo dezesseis, de vários livros da Bíblia, Knuth publicou em 1991 um livro intitulado: “3:16, Textos Bíblicos Iluminados”, baseado nos estudos bíblicos que ele havia dado. Este livro combina o interesse de toda a sua vida, na Bíblia, na matemática e nas artes (ele é organista de sua igreja). Expõe o conceito de que uma grande massa de informação pode ser razoavelmente entendida, mediante a escolha ao acaso de porções de dados e estudando-os com profundidade. Usa seu sistema dos capítulos 3, versículo 16 dos livros bíblicos como um método eficiente de ampliar a compreensão bíblica, e pessoalmente traduziu de novo do idioma original cada passagem. Decidiu, também, que um livro sobre a Bíblia deveria ser bem apresentado, e por isso cada versículo foi ilustrado por calígrafos. Como professor universitário, rodeado, na sua maioria, por ateus e agnósticos, diz: “por muito tempo tive dificuldade de dizer a alguém que estava trabalhando num livro acerca da Bíblia”. Porém, logo percebeu que “muitos dos maiores matemáticos do passado – incluindo Pascal, Newton, Euler e Cauchy – escreveram sobre teologia, e então não me envergonho de seguir suas pegadas”.
Knuth compara os paradoxos não respondidos acerca da dor no livro de Jó, como uma das principais “descobertas da ciência da computação; que há certos problemas inerentes tão complexos que não são passíveis de resolução em um número finito de passos … Um enfoque intelectual não nos conduzirá à elucidação do cosmos, no entanto devemos continuar tentando. Devemos questionar a autoridade, e estar alertados quanto ao fato de poder estar equivocada a sabedoria tradicional da ortodoxia religiosa”.
Em 1999, Knuth apresentou seis palestras no Massachusetts Institute of Technology (MIT) sobre a relação entre fé e ciência. Elas encontram-se na Internet e podem ser encontradas com o título: “Things a Computer Scientist Rarely Talks About” (Coisas que um Cientista da Computação Raramente Fala). Sua última palestra foi sobre a infinidade, a teoria da probabilidade, o livre arbítrio, e o uso das noções matemáticas para ampliar a compreensão da Bíblia. A maioria dos ouvintes ficou satisfeita por ouvir um cientista e religioso que não atribuía a si ter o conhecimento de toda a verdade.
Seguem alguns conceitos de Knuth a respeito da experiência pessoal cristã, derivados do sistema de estudos 3:16 dos livros da Bíblia: Em Efésios – “De alguma maneira misteriosa, Cristo Jesus fará morada no meu interior por meio da fé.” Em II Coríntios – “A Bíblia se transforma em um livro novo quando uma pessoa muda o rumo de sua vida e volta-se ao Senhor.” II Pedro – “…crescimento espiritual contínuo mediante o estudo contínuo é, talvez, a maior lição que aprendi por meio do sistema de estudo 3:16 na Bíblia.” Hebreus – “Assim como Deus descansou depois de criar o mundo, os que entram no repouso de Deus, também descansarão de seus labores … Somente podemos chegar ao estado sabático de paz e harmonia com Deus, se escutarmos com atenção e vencermos nossa tendência de rebelarmo-nos – mesmo quando quase todos os outros que conhecemos sejam parte da rebelião”. Apocalipse – “Apreciamos estar abrigados e confortáveis, ao abrigo de perguntas difíceis; até podemos felicitar-nos por nossa moderação, porém não há lugar algum para a neutralidade”. Esdras – “Desagrada-me muito o facciosismo religioso que enfatiza o ser ‘mais santo que você”. Zacarias – “Nem a Igreja nem o Estado devem dominar um ao outro. Ambos estão a serviço de Deus”. I Timóteo – “Uma mente racional como a minha procura ter tudo esclarecido, para entender plenamente todo o conceito. No entanto estou contente porque a religião é um grande mistério, algo que posso admirar e do qual aprender, algo que me incitará sempre a ir além da minha capacidade para compreender”. Filipenses – “Tudo seria tão simples se houvesse respostas definidas para todas as perguntas. Porém Deus não quer que todas as coisas sejam tão patentemente simples … Os homens de ciência conhecem muito bem este estado de coisas. As experiências nunca produzem um conhecimento completo da natureza… Se há graus de fé, e graus de compreensão, deve ser porque alguns estão mais avançados que outros, porém não é razão para sentir orgulho, a fé vem de Deus… é um motivo para tolerância com os que estão em desacordo conosco; se eles estão mais avançados ou mais atrasados, nunca podemos saber”. João – “João nos diz que Deus decidiu enviar seu único Filho. Tem muito significado Deus ter escolhido fazer isto numa época na qual não havia vídeos, nem comunicação em massa que houvesse permitido um registro sem ambiguidade para a posteridade. Creio que isto é sabedoria infinita. A religião teria sido passada por alto muito rapidamente se houvesse provas absolutas e inquestionáveis da existência de Deus. Não seria necessário um comprometimento pessoal”.
Referências
hhh://www-cs-staff.stanfford.edu/-knuth/
MIT “God and Computers Lecture Series”, 1999: D. Knuth.