Ruy Carlos De Camargo Vieira
Entrevista: Ruy Carlos De Camargo Vieira

Engenheiro fala de sua conversão e da fundação da Sociedade Criacionista Brasileira.

O Dr. Ruy Carlos de Camargo Vieira nasceu em 1930, é natural de São Carlos, SP, e é engenheiro mecânico e eletricista, formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Dedicou-se á carreira docente, lecionando Mecânica dos Fluidos, de 54 a 56, no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). Em julho de 1956, foi lecionar Física Técnica (nome italiano dado à cadeira de Mecânica dos Fluidos, Transmissão de Calor e Aplicações Tecnológicas) na Universidade de São Paulo (USP), Campus de São Carlos, onde fez a livre docência e tornou-se catedrático por concurso.

 

Em 1970, assumiu a chefia do departamento de Hidráulica e Saneamento naquela universidade, fundando a pós-graduação que é considerada a melhor na área no Brasil. Foi convidado, em 1972, a integrar a Comissão de Especialistas do Ensino de Engenharia do Ministério da Educação e Cultura, responsável pelo acompanhamento e avaliação das escolas de engenharia, currículos, formação de professores, reconhecimento de cursos, etc.

Segundo o Dr. Ruy Vieira, após a aposentadoria (em 1986) é que ele começou a trabalhar “de verdade”. Atualmente (2003) representa o MEC no Conselho da Agência Especial Brasileira, participando de suas reuniões periódicas e empreendendo viagens por locais onde se desenvolvem atividades espaciais.

De três em três meses participa, também, de reuniões na Sociedade Bíblica do Brasil, da qual é um dos diretores já há mais de 15 anos.

Além dessas ocupações, durante meio período, o Dr. Ruy atua como consultor do PNUD (Plano das Nações Unidas para o Desenvolvimento) junto a Secretaria de Educação Tecnológica do MEC. No outro meio período, dedica-se a traduções de livros e edita a Revista Criacionista, publicação da Sociedade Criacionista Brasileira (SCB), da qual é presidente.

Nesta entrevista, concedida a Michelson Borges em 2003, fala de sua conversão ao criacionismo e da fundação da SCB.


Revista Adventista: Por que o senhor escolheu ser criacionista?
Dr. Ruy Vieira: Entendo que tornar-se criacionista ê uma conseqüência lógica de tornar-se cristão. Ser cristão é aceitar a Cristo como Salvador e, portanto, aceitar a revelação exposta na Bíblia, especialmente no que diz respeito ao relato da criação de um mundo perfeito, da provação e da queda subsequentes, com todas as suas consequências deletérias.

Não tive educação religiosa no lar, e dada a minha educação escolar até o nível universitário ter sido centrada pelos parâmetros agnósticos, e mesmo ateístas, vigentes em nosso país, não tive educação religiosa também nos bancos escolares. Dessa forma, só vim a conhecer o cristianismo como experiência pessoal, pela providência de Deus, já no fim de meu curso de Engenharia. Evidentemente então ocorreram conflitos em minha mente entre o conhecimento adquirido até então e a nova perspectiva que se abria diante de mim, de um mundo criado, mantido e dirigido por um Deus que manifestava propósito, desígnio, e planejamento em todas as Suas obras.

Dou graças a Deus por ter conseguido superar todas as barreiras que se interpuseram no caminho de minha conversão. Hoje posso associar de forma bastante coerente a imagem de um mundo perfeito criado por Deus, e a degradação decorrente da entrada do pecado neste planeta, com princípios básicos da ciência que aprendi na minha carreira de estudante, e que posteriormente integraram o conteúdo de disciplinas que vim a ministrar como docente universitário, como por exemplo, a Primeira e a Segunda Leis da Termodinâmica, envolvendo considerações filosóficas sobre o conceito de entropia, ordem e desordem, direcionalidade, decaimento e degradação.

Vislumbro, hoje, em todos os campos do conhecimento humano com os quais tive de me relacionar, a perfeita coerência da visão criacionista com os fatos e as evidências neles encontrados.

RA: O que é a Sociedade Criacionista Brasileira, da qual o senhor é presidente?
Dr. Ruy Vieira: Na minha carreira de docente universitário, como também no acompanhamento dos estudos de meus filhos no curso secundário e no preparo para o concurso vestibular, bem como na observação dos acontecimentos sociais, políticos, econômicos, científicos e tecnológicos, pude perceber como as doutrinas evolucionistas foram sendo introduzidas nos livros-textos e assimiladas e divulgadas gradativamente pelos meios de comunicação, passando mesmo a pautar o comportamento social em vários setores da atividade humana.

Pela providência divina, chegaram às minhas mãos (isso há cerca de trinta anos) noticias sobre a existência de sociedades criacionistas no exterior, com intensa atividade de divulgação de literatura a respeito da controvérsia entre o criacionismo e o evolucionismo. Devido às circunstâncias que mencionei, interessei-me pela fundação de uma sociedade congênere no Brasil, já que era extremamente escassa a literatura criacionista em língua portuguesa, e se fazia sentir bastante a sua falta. Assim, em 1972, foi fundada a Sociedade Criacionista Brasileira, tendo inicio a publicação do seu periódico – a Folha Criacionista – que chegou a mais de 60 edições, ao longo desse período de três décadas (até este ano de 2003).

A continuidade desse trabalho durante tanto tempo foi um verdadeiro milagre, devendo-se agradecer a Deus pelo sucesso alcançado em termos de um enorme número de pessoas interessadas que se beneficiaram, de uma forma ou de outra – com o trabalho realizado. Agradecimentos devem também ser estendidos a muitas pessoas que colaboraram de diferentes formas para tornar realidade esse empreendimento.

RA: Poderia mencionar experiências de pessoas que foram encaminhadas às Escrituras graças ao ministério criacionista da SCB?
Dr. Ruy Vieira: Na realidade, pela correspondência que temos recebido, são muitas as pessoas que se têm manifestado a respeito de terem tido os olhos abertos para a importância de seu posicionamento pessoal quanto à controvérsia evolução x criação, passando a entender que temos mesmo de lutar espiritualmente e diretamente contra as “hostes espirituais da maldade”, que tentam enredar os incautos nas malhas do agnosticismo e ateísmo.

Ha casos de pessoas que nos haviam escrito em situação de desespero pela confusão mental – ocasionada pela doutrina evolucionista tanto no ambiente escolar quanto na vida social, tão influenciada pelos modernos meios de comunicação – e que conseguiram se livrar dos paradigmas e estruturas conceituais evolucionistas, passando a entender de maneira mais profunda o conflito no qual estamos imersos.

Há casos, também, de verdadeiras “reconversões” ou reavivamentos de pessoas cristãs que passaram a entender a conexão entre a pregação criacionista moderna e as últimas mensagens de Deus a um mundo que perece, conforme explicitado especialmente em Apocalipse 14:6-8.

Nestes trinta anos de atividades de divulgação do criacionismo, têm sido gratificantes as experiências de pessoas que, graças à literatura que temos publicado, verdadeiramente se converteram e se tornaram grande instrumento nas mãos de Deus para a pregação da mensagem adventista para o tempo presente. E, por tempo presente, entendemos esta época em que se proclama a mensagem de temer a Deus, dar-Lhe glória, e adorá-Lo como Criador.


Revista Criacionista (ex-Folha Criacionista):
três décadas defendendo a Criação

 

RA: A Folha Criacionista passou a se chamar Revista Criacionista no ano passado. Além disso, a SCB lançou um novo periódico intitulado “De Olho nas Origens”. Fale um pouco sobre esses lançamentos.
Dr. Ruy Vieira: De fato, a Folha Criacionista tem apresentado evidentes sinais de evolução (…), e ainda: macroevolução! Na realidade, cada vez mais a Folha vem se profissionalizando mediante colaboração efetiva de voluntários, nas mais diversas áreas de atuação. Com nova “roupagem”, a Revista Criacionista apresenta projeto gráfico moderno e condizente com o mercado editorial.

Estudando-se a programação das atividades da Sociedade Criacionista Brasileira, concluiu-se que se deveriam substituir as antigas Folhinhas Criacionistas (que vinham inseridas como encarte na Folha Criacionista) por publicações independentes, dirigidas de maneira mais especifica para estudantes do curso fundamental. Assim, foram lançadas em fins de outubro de 2002 as duas publicações De 0lho nas Origens 1 e 2, respectivamente para alunos da primeira a quarta serie, e da quinta a oitava serie.

Dessa forma o leque de publicações periódicas da Sociedade Criacionista Brasileira fica assim constituído: Revista Criacionista – dois números anuais; Ciência das Origens – três números anuais; De 0lho nas Origens 1 e 2 – três números anuais. Cada publicação tem um determinado público alvo, e sua periodicidade permitirá contato mais constante com os leitores interessados nos temas criacionistas, com distintas focalizações.

RA: O Senhor vê evidência de planejamento no Universo?
Dr. Ruy Vieira: Sem dúvida. Desde o microcosmo ate o macrocosmo; em tudo. Considerando a ‘Terra, o sistema solar, a nossa e outras galáxias, vemos uma estrutura coerente e lógica a tal ponto de podermos estabelecer modelos que indicam planejamento. O próprio fato de poder existir ciência – que pressupõe que a determinadas causas vão corresponder determinados efeitos – já mostra planejamento no Universo.

RA: Como é possível obter mais informações sobre a SCB?
Dr. Ruy Vieira: Através do nosso site www.scb.org.br, por e-mail scb@scb.org.br, pelo telefax (061)3468-3892, ou pela Caixa Postal 08660, CEP 70312-970 Brasília, DF.


Entrevista publicada em janeiro de 2003 na revista

 

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