Os progressos verificados na exploração do espaço, e a intensificação de uma verdadeira corrida em busca da provável existência de vida fora de nosso planeta, levaram ao desenvolvimento de um novo ramo da Biologia, a Exobiologia, às vezes também focalizada como Astrobiologia. Entretanto, apesar do aumento do conhecimento nesse novo e recente campo da Biologia, permanece o antiqüíssimo e fundamental mistério: o que, realmente, é a vida?
Dentre as numerosas definições que têm sido tentadas para a vida, desejamos destacar primeiramente a que tem sido proposta mais recentemente pela NASA, Agência Espacial Americana, que bem reflete o contexto evolucionista dominante na Biologia (ver a revista National Geographic de janeiro de 2003) :
“A vida é um sistema químico auto-sustentado, capaz de passar por um processo evolutivo darwinista.”
Ao lado dessa definição, ressaltam-se outras, que de maneira mais sutil incorporam também conceitos evolucionistas, tal como a proposta por alguns outros cientistas:
“A vida é um sistema químico capaz de replicar-se através de autocatálise e cometer erros que gradualmente aumentam a eficiência da autocatálise.”
A vida, assim, passa a ser conceituada meramente como um sistema químico, algo considerado dentro de uma estrutura essencialmente materialista, e pior ainda, atada inexoravelmente à suposta existência de um processo evolutivo inerente, e que – na segunda definição de vida apresentada – decorre paradoxalmente de erros que cada vez mais aprimoram os seres depositários da própria vida!
Incrivelmente, definições como estas são levadas bastante a sério nos círculos evolucionistas, e constituem pontos altos na estrutura conceitual predominante, que não permite sequer discordância, por mais que nessas definições transpareça a falta de consistência lógica e a ausência de qualquer base verdadeiramente científica para a sua conceituação.
Neste número da Revista Criacionista, os Editores decidiram abordar como pano de fundo a questão da provável existência de vida extraterrestre, no contexto da amplidão de um Universo caracterizado pela diversidade em todas as suas feições.
A abordagem visará precipuamente os entrechoques de conceitos que se situam na base das pesquisas científicas sobre a questão, deixando de lado aspectos teológicos que necessariamente estarão envolvidos. Não obstante, desejamos destacar que a nossa posição não deixa de ser a posição criacionista fundamentada na revelação bíblica, na qual a vida é um dom de Deus, além do mais, em termos da vida eterna, com Cristo sendo o verdadeiro doador dessa vida.
Evidentemente, sob o prisma evolucionista, a questão relacionada com a busca da existência de vida em alguma parte do vasto Universo que percebemos ao nosso redor desdobra-se em duas preocupações principais. A primeira tem a ver com a possível existência de seres vivos, de maneira geral, desde o nível de microorganismos até o de animais que costumamos designar como “irracionais”. A segunda é a preocupação com a provável existência de seres semelhantes a nós, com inteligência, e com possibilidade de desenvolvimento de civilizações especialmente detentoras de tecnologias que poderiam eventualmente colocá-los em contato conosco.
Em nosso artigo de fundo, e praticamente em todos os outros deste número da Revista Criacionista, tentamos focalizar de maneira crítica o estado da arte das pesquisas que estão sendo desenvolvidas direta ou indiretamente no âmbito dessas duas preocupações principais.
Como veremos, a primeira preocupação tem levado a conjecturas sobre a existência de outros sistemas planetários além do nosso e, mais recentemente, ao desenvolvimento de métodos de pesquisa astronômica que buscam comprovar a existência real de tais outros sistemas, independentemente de seus planetas apresentarem ou não condições que se supõem necessárias para a existência de uma biosfera. Como caso particular desta preocupação, destacam-se as iniciativas de exploração da Lua, e dos demais planetas e luas do Sistema Solar (especialmente Marte) mediante sondas espaciais em órbita ao seu redor, ou atingindo a sua superfície, ou ainda até mediante o envio de seres humanos para efetuar in loco investigações que comprovem ou não a existência de vida.
A segunda preocupação, por sua vez, tem também levado a conjecturas sobre a existência de inteligência extraterrestre, e ao desenvolvimento de métodos de pesquisa radioastronômica baseados na emissão e na recepção de sinais que possam ser decodificados para indicar seu recebimento por seres inteligentes.
Esperamos que nossos leitores possam se beneficiar das informações trazidas nos artigos que selecionamos para cobrir esses assuntos.
Os Editores