Resumo

Este artigo não pretende ser um resumo completo da Geologia Diluvionista, mas principalmente uma resposta a algumas das críticas mais comuns apresentadas por autores tais como Dr. J. R. van de Fliert, da Holanda. Este autor publicou uma critica à Geologia Diluvionista no número de setembro de 1969 do “Journal of the American Scientific Affiliation”, sob o título “Fundamentalismo e os Fundamentos da Geologia”.

O presente artigo foi escrito para mostrar que as supostas diferenças entre a Geologia Uniformista e a Geologia Diluvionista baseiam-se mais na semântica do que em evidências reais. O abismo da separação era maior há um século, quando Lyell era considerado muito seriamente. Hoje em dia os geólogos uniformistas admitem períodos de catastrofismo no passado, enquanto que os geólogos diluvionistas sempre reconheceram eventos tectônicos cataclísmicos na crosta da Terra, inclusive o dilúvio bíblico; reconhecem também que a maior porção do tempo geológico não foi muito diferente do presente. Por isso os geólogos diluvionistas argumentam que o sepultamento da vida fóssil exigiu catastrofismo.

Ao mesmo tempo em que os biologistas procuram na Geologia evidências da evolução orgânica, de acordo com a lei da superposição, alguns geólogos diluvionistas raciocinam em um círculo vicioso, pois quando se verificam ocorrências de exceções à ordem evolutiva dos fósseis nas rochas, são levados a duvidar da evidência física, em vez de ajustar as hipóteses para condizerem com os fatos.

Tentativas para datações da Lua esbarram nas mesmas dificuldades que são encontradas na radiometria das rochas da crosta terrestre.

Introdução

Uma crítica à Geologia Diluvionista, por J. R. Van de Fliert (1) publicada no número de setembro de 1969 do “Journal of the American Scientific Affiliation” continha a seguinte afirmativa: “Se alguns anos atrás me fosse dito que uma tentativa aparentemente séria seria feita para reintroduzir a teoria diluvionista em bases bíblicas como a única hipótese aceitável para a maior parte das ciências geológicas, eu não teria acreditado”.

A hipótese básica de Van de Fliert aparentemente é que o Dilúvio relatado na Bíblia é puro folclore, talvez baseado em alguma enchente local no vale do Rio Eufrates, como outros “Evolucionistas Teístas” têm alegado. O Dr. Van de Fliert parece crer que a teoria geológica diluvionista caiu por terra cerca de 150 anos atrás, tendo sido desaprovada cientificamente. Parece também surpreso com a audácia de competentes cientistas de nossa época em reintroduzir aquela teoria, em que pese o avanço da ciência.

Ao ver fotografias de pegadas de dinossauros juntamente com pegadas humanas gigantescas no leito do rio Paluxy, no Texas, publicadas no livro de Whitcomb e Morris “The Genesis Flood” (2), Van de Fliert pôs de lado tal evidência considerando-a como “supostas pegadas, mas de maneira nenhuma pegadas humanas”.

Não se torna claro como Van de Fliert pode ser tão positivo quanto a não serem humanas as pegadas, sem um exame in loco dessas formações cretáceas do Texas. O Dr. A. E. Wilder Smith da Faculdade de Medicina da Universidade de Illinois dedicou algum tempo ao exame dessas pegadas e voltou convencido, como pode ser visto em seu livro “Man’s Origin, Man’s Destiny”.

O Dr. Van de Fliert compara esse achado com os ossos de elefantes encontrados há algumas gerações, e então julgados como sendo ossos de seres humanos destruídos no Dilúvio, concluindo que os geólogos diluvionistas de nossos dias estão voltando à Idade Escura. Tal insinuação obscurece as verdadeiras questões em discussão, e não deveria encontrar lugar em literatura científica.

Nas críticas à Geologia Diluvionista, surge o argumento de que a Bíblia não é um compêndio científico, concluindo-se não ser portanto digna de fé ao tratar de questões científicas. Naturalmente, se fosse um compêndio científico, deveria ela atingir proporções enciclopédicas. Entretanto, o fato de não o ser, não prejudica a sua autenticidade ao fazer uma afirmação científica.

Não se deveria concluir que a fé total ou parcial na Palavra de Deus deva se basear no estado atual da ciência. A aceitação de Jesus, o Messias, como Aquele que Ele declarou ser, dá autenticidade aos relatos mosaicos da Criação e do Dilúvio, pois Cristo os corroborou. A despeito de tudo isto, muitos são levados a duvidar, devido à influência solapante da ciência materialista. Ao acharem também os cientistas evidências corroboradoras em novas descobertas científicas, prestarão um duplo serviço ao publicá-las – à ciência, e à fé na veracidade da Bíblia.

Catastrofismo

A Geologia Diluvionista implica certamente o Catastrofismo, o que entretanto não significa que o nosso mundo tenha permanecido em um contínuo estado de catástrofe. As interpretações diferentes freqüentemente se polarizam devido à ênfase exagerada dada à semântica. Novas descobertas demonstram que na disciplina da Geologia há lugar tanto para o catastrofismo quanto para o uniformismo.

Norman Newell, do Museu Americano de História Natural (3), admite que as idéias mais recentes sobre acontecimentos cataclísmicos, tais como a teoria da Grande Explosão Inicial, terremotos e enchentes calamitosos, forçam-nos a readmitir o catastrofismo como um processo tectônico, juntamente com o uniformismo.

Ensina-se aos estudantes de Geologia que o “presente é a chave para o passado”, e freqüentemente interpreta-se essa afirmação como significando que jamais aconteceu algo que não esteja acontecendo agora. Mas desde o final da Segunda Guerra Mundial, após o surgimento de uma nova geração, juntamos mais dados e começamos a compreender que houve muitos acontecimentos catastróficos no passado, alguns dos quais se deram somente uma única vez.

Novamente citando o artigo de Van de Fliert (4), aquele autor expõe (talvez inconscientemente) a harmonia essencial da Geologia de nossos dias com o conceito da Geologia Diluvionista. Admite ele que o pensamento geológico alterou-se desde o tempo de Lyell.

A maior parte dos geólogos atuais não aceita esse princípio (uniformismo) exatamente da maneira como compreendida por Lyell, mas sim no sentido de uma permanência das leis físicas e biológicas, o que não exclui, por exemplo, períodos com climas diferentes do conhecido hoje em dia, ou também alternâncias de períodos estáveis mais prolongados com episódios catastróficos ou paroxismos mais curtos.

Os geólogos diluvionistas e os criacionistas poderiam concordar com quase 100% desse conceito moderno de união do uniformismo com o catastrofismo. Como já mencionado, muitas supostas diferenças relacionam-se grandemente com questões semânticas. Uma definição cuidadosa dos termos freqüentemente elimina muitas diferenças aparentes.

Os geólogos diluvionistas são freqüentemente acusados de tentar abolir leis físicas e químicas bem estabelecidas. Nenhum cientista ou meteorologista poderia ser culpado da abolição das leis naturais quando o tempo mudasse de uma suave brisa para um furacão de 300 km/h, ou de uma garoa para 300mm de precipitação em 24 horas.

De igual maneira, não é compreensível por que uma chuva prolongada em escala mundial poderia ser responsável pela abolição das leis da natureza. Sabe-se que todo o vapor d’água hoje contido na atmosfera não poderia elevar o nível do oceano mais do que alguns poucos centímetros. Neste ponto, a Geologia Diluvionista sozinha não esclarece a discrepância científica, mas apela ao Criacionismo para a resposta.

O historiador inspirado Moisés explicou no livro de Gênesis que, quando Deus criou o mundo, separou as águas em duas partes principais, a parte inferior compreendendo os mares, e a parte superior acima do firmamento. Com o apoio ou não do Dr. Newell, os crentes na Bíblia compreendem que o Dilúvio foi um acontecimento miraculoso, não sujeito a análise repetida.

Essa cobertura superior de vapor bem poderia ter proporcionado uma camada de isolante térmico responsável por um clima relativamente uniforme em toda a Terra. Antes da precipitação da cobertura de vapor sobre a Terra, durante o Dilúvio Bíblico, muito possivelmente a cobertura de vapor propiciava rico revestimento vegetal mesmo nas zonas terrestres hoje cobertas de gelo. O Onipotente não está limitado ao uso de algumas poucas leis naturais que o homem tem sido bem sucedido em descobrir.

Extensas jazidas de carvão na Antártida evidenciam a existência anterior de um clima temperado, em escala mundial, que explica a presença de grandes manadas de mamutes, mastodontes, rinocerontes, megatérios, e outras criaturas encontradas em cemitérios de fósseis. A extinção repentina de tanta vida biológica sempre foi um enigma para os cientistas, e a melhor explicação que pode ser dada para esse caso parece ser a da alteração do clima.

Como essa explicação casualmente coincide com o relato bíblico, os cientistas e estudiosos do assunto podem portanto ter mais confiança na precisão científica das Escrituras. A mudança repentina do clima é evidenciada pelos mamutes perfeitamente preservados, bem como por outros animais que têm sido desenterrados do gelo ártico.

Se em 1845 alguém tivesse predito que a guerra mundial de 1940 seria decidida pela explosão de bombas atômicas, sem dúvida alguns cientistas o teriam ridicularizado. Seguindo as idéias de Dalton, a crítica teria afirmado ser a divisão do átomo uma violação das leis da Física, pois o átomo era considerado como a menor partícula da matéria. A partir daquela data, o homem descobriu leis da natureza anteriormente desconhecidas . Esse mesmo princípio pode ser aplicado à atitude de Deus no passado. Durante o dilúvio, Deus pode ter liberado forças e fatores que presentemente não são observáveis ou compreendidos claramente.

As Scablands de Montana (*)

Norman Newell iniciou o processo de reação ao uniformismo ortodoxo de Charles Lyell, e provocou uma volta ao catastrofismo. J. Harlen Bretz (5) do Departamento de Ciências Geofísicas da Universidade de Chicago, adicionou evidências à causa do catastrofismo com o seu notável artigo referente às scablands de Montana, publicado no Journal of Geology em setembro de 1969. Bretz é uma reconhecida autoridade em scablands, tendo dedicado anos ao estudo e a publicações referentes à geologia da região. Outros geólogos têm seguido a linha uniformista clássica para a explicação das gargantas fluviais fósseis cavadas no basalto.

Em 1938, Flint considerava que as scablands foram formadas por correntes lentas durante a remoção dos enchimentos. O termo “enchentes” era-lhe repugnante. Por outro lado, Bretz declarou que

Somente enchentes extraordinárias poderiam ter cruzado os divisores de água pré-glaciais, e somente velocidades extraordinárias (devido a grandes volumes) poderiam erodir os leitos rochosos tão tremendamente (6).

Os sobrecenhos franziram-se com essa interpretação. Surgiu uma tempestade de protestos. Mas Bretz não arredou pé, pois estava armado com fatos. Bretz (1969) descreveu o rompimento da barreira glacial do Lago Missoula da seguinte maneira:

Quando ela se rompeu, a água armazenada com quase 600 metros de profundidade ficou livre para escoar desde a bacia do rio Clark Fork, no oeste de Montana, até ao norte de Idaho. A água invadiu catastroficamente o Planalto de Colúmbia no sudoeste de Washington e atingiu o Oceano Pacífico pelo Rio Colúmbia, a 700 quilômetros de distância da barreira glacial. Enchente de tão grandes proporções é desconhecida atualmente em qualquer outra parte do mundo.

Calcula-se que tenha durado duas semanas. Atingiu 240 metros no Passo Wallula, na divisa de Oregon e Washington.

(*) O termo “scablands” tem sua origem nas grandes escaras (em inglês “scabs”) que desfiguram o platô basáltico da parte leste do estado de Washington, nos Estados Unidos da América do Norte, desfazendo-o num intrincado de testemunhos, mesas e canhões.

Bretz estava descrevendo uma comoção cataclísmica na natureza, muito semelhante em conseqüências ao dilúvio, embora em escala muito menor. Menciona ele que o trecho superior do Grand Coulee tinha 40 quilômetros de comprimento, enquanto que o maior salto tinha 15 quilômetros de largura.

NOTA DO TRADUTORTranscreve-se a seguir, a título de informação ao leitor, pequeno trecho (páginas 400 e 401) do livro “Principles of Geomorphology” de William D. Thornbury, editado pela John Wiley & Sons, Inc., New York – London, 1954, que permite localizar o problema tratado neste artigo.

“Bretz concluiu que as águas originadas do degelo ocuparam os vales preexistentes ao norte da região das ‘scablands’ em tamanha quantidade que se derramaram sobre o divisor de águas, constituindo uma imensa inundação com caráter catastrófico, apesar de curta duração, à qual denominou ele de inundação de Spokane.

As grandes torrentes que constituíram a ‘inundação’ presumivelmente deram origem a grandes barras que se projetaram acima do fundo das gargantas, sendo depois rapidamente destruídas, nesse processo modelando as gargantas e as outras impressionantes evidências de erosão.

A teoria representa um retorno ao catastrofismo, que muitos geólogos têm relutado em aceitar.”

A enchente levou de roldão pedras de alguns metros de diâmetro ao longo de quilômetros, e ao baixar deixou faixas de elevações com mais de 30 metros de altura no meio do leito da torrente. Ondulações de 3 metros de altura, e maiores ainda, caracterizam algumas superfícies das faixas. Um delta de pedregulhos com 500 quilômetros quadrados de área surgiu na confluência dos vales dos rios Willamette e Columbia.

Em 1963, Trimble (7) havia feito referência a “águas de enchentes de proporções quase inacreditáveis” ao longo do vale do rio Columbia.

Bretz refere-se também ao tempo em que o primitivo lago Bonneville, em Utah, rompeu-se através de uma fissura de formação recente, e 2000 quilômetros cúbicos de água precipitaram-se para o vale do rio Snake. “Como no caso das scablands” diz ele, “a passagem de uma enchente catastrófica, pode dar a explicação”.

A Associação Internacional de Pesquisas do Quaternário teve sua reunião de 1965 nos Estados Unidos. Dentre as várias excursões de campo, foi feita uma às Montanhas Rochosas do Norte, e ao Planalto de Colúmbia em Washington, para o estudo dos fenômenos relacionados com as scablands. Bretz, que não pôde comparecer, recebeu logo depois um telegrama de “cumprimentos e parabéns” que terminava com a sentença: “Nós todos somos agora catastrofistas”.

Geologia Diluvionista e o Registro Fóssil

Van de Fliert refere-se a R. H. Rastall (8) da Universidade de Cambridge, que admitiu que, de um ponto de vista filosófico, os geólogos têm raciocinado num ciclo vicioso:

A seqüência dos organismos tem sido determinada por um estudo dos seus remanescentes depositados nas rochas, e as idades relativas das rochas têm sido determinadas pelos remanescentes dos organismos que elas contêm.

Nesse sentido, Van de Fliert escreveu que Rastall está completamente errado. Para melhor esclarecer esse fato deve ser dito que a Biologia por si própria não apresenta nenhuma evidência decisiva em favor da evolução orgânica; nem a Anatomia Comparada e nem a Recapitulação nada provam. Então apela-se à Geologia. Numa coluna geológica não perturbada, raciocina-se, se houve uma progressão evolutiva através dos séculos, então – supondo prolongados intervalos de tempo para a deposição dos sedimentos – as formas biológicas simples deveriam ser encontradas na base da coluna, e as formas de vida mais avançadas deveriam achar-se junto ao topo da coluna.

Se o registro fóssil sempre fosse coerente com essa generalização, os evolucionistas teriam um bom argumento, mas em inúmeros lugares do mundo existe uma ordem inversa, como no Parque Nacional Glacier, em Banff, Canadá, em Wyoming, no Arizona e nos Alpes. Essas ordens anômalas de fósseis deveriam ser suficientes para arrasar com a hipótese, mas não se permite tal coisa, apelando-se a um raciocínio em círculo vicioso, dizendo que deve ser mantida a ordem fóssil evolutiva nas rochas, mesmo a expensas de virar as rochas de ponta cabeça, ou de supor que um grande fenômeno tectônico na natureza previamente virou-as de ponta cabeça, ou mesmo deslizou estratos “mais velhos” sobre outros “mais novos”. O autor deste artigo recorda-se do Dr. Leith, da Universidade de Wisconsin, perguntando qual foi a gigantesca almotolia que engraxou as camadas de rocha de tal maneira que milhares de quilômetros quadrados de estratos rochosos pudessem deslizar uns sobre os outros sem se rachar!

Van de Fliert responde argumentando que, em todos os casos em que os fósseis se encontram na seqüência errada, há evidências físicas de falhas inversas. É certo que onde se acham falhas inversas dever-se-iam achar também evidências físicas tais como brechas tectônicas, estrias, espelhos de falha, etc. O espaço não permite descer aos detalhes referentes às falhas normais, mas faz-se referência a números anteriores do Creation Research Society Quarterly (9) nos quais o autor deste artigo mostra que algumas estruturas consideradas como falhas apresentam de fato sinais físicos típicos de falhas, enquanto que outras estruturas, também consideradas como falhas normais não apresentam tais evidências físicas.

Pesquisas realizadas em 1968 na falha normal de Lewis mostraram uma assombrosa falta de evidências físicas de falhamentos, como também foi descoberto em estudos feitos no Arizona (9). Se estudos de outros casos conduzirem a resultados semelhantes aos do estudo da falha de Lewis, os geólogos evolucionistas ficarão em grandes dificuldades. No passado, os geólogos superestimaram a ordem das rochas, baseados nas evidências de fósseis. Tanto foi assim, que se negligenciaram grandemente as confirmações de evidências físicas.

Referindo-se mais uma vez ao Uniformismo e ao registro fóssil, Van de Fliert assevera que “o Uniformismo está expresso nos próprios registros fósseis”. Isso deve ser negado em alta voz. Charles Shuchert (10) de Yale, admitiu que, para a completa preservação dos fósseis, eles devem ser enterrados rapidamente, e não mediante a lenta acumulação de sedimentos no mar.

Rodgers e Dunbar (11) mencionam as árvores enterradas ainda encontradas em pé na Nova Escócia. Se elas tivessem sido enterradas gradualmente, suas pontas teriam desaparecido muito antes de haver tempo para serem soterradas.

Referindo-se novamente ao sepultamento súbito de grandes manadas de mamutes e outros animais no Alasca e na Sibéria, J. D. Dana (12), um dos grandes geólogos do século passado, disse:

O encerramento de grandes elefantes no gelo, e a perfeita conservação de sua carne, mostra que o frio chegou ao extremo repentinamente, como uma única noite de inverno, e não cedeu em seguida.

Whilley acrescenta que

Na ilha Kotelnoi, nem árvores nem arbustos existem, e apesar disso, encontram-se naquele deserto gelado ossos de elefantes, rinocerontes, búfalos e cavalos, em tal quantidade que desafiam qualquer estimativa.

Como se pode harmonizar a extinção de tais manadas de animais com o Uniformismo? Parece que a maioria dos fósseis apontam para o Catastrofismo e não para o Uniformismo.

Datação da Idade da Terra

Esse assunto tem relação direta com a Geologia Diluvionista e com o Criacionismo. Como a disciplina da datação está ainda em sua infância, devem ser adiadas conclusões dogmáticas.

Foi Arthur Holmes (13) eminente geólogo britânico, que lembrou que, apesar de a Radiometria ter aparência de precisão matemática, um passo no equacionamento era uma pura hipótese (uma estimativa de alto nível) que a vida média dos elementos radioativos tem permanecido a mesma no decorrer do tempo geológico. Em outras palavras, supõe-se que a taxa de decaimento radioativo tem permanecido constante em função do tempo. Isso, de fato, não é passível de verificação científica.

Um empecilho para a atribuição de bilhões de anos à idade da Terra é a impossibilidade de determinação de todo o Hélio radiogênico que deveria estar presente na atmosfera e na litosfera, como resultado de tantos anos de desintegração radioativa. Somente um centésimo milésimo da suposta produção de Hélio pode ser determinada. Não há evidências de que quantidades apreciáveis de Hélio pudessem ter escapado da Terra, especialmente ao se encontrar Hélio na Lua, que tem massa muito menor do que a Terra. A única explicação plausível parece ser que a Terra e a Lua são muito mais jovens do que consideradas atualmente.

Devido à falta de atmosfera e blindagem, a Lua é constantemente bombardeada com “vento solar” consistindo de concentrações de gases raros, tais como Hidrogênio, Hélio, Neônio, Argônio, Criptônio, Xenônio, etc. De fato, a contaminação com Argônio proveniente do Sol resultou num grave problema para o uso do método de datação com o Potássio-Argônio, em muitas amostras de solo lunar.

A contaminação com Argônio em algumas amostras tem atingido a ordem de um milhão de vezes. A contaminação com Chumbo constitui um outro problema na datação, e cientistas de diferentes laboratórios têm usado diferentes fatores corretivos dessa contaminação, ao testarem amostras de solo lunar (14).

A presença de gases na superfície da Lua pareceria indicar a origem de uma atmosfera embrionária, observação essa que por si própria pareceria indicar uma Lua recente.

O Dr. Melvin Cook relatou ao autor recentemente, em correspondência pessoal, que um estudo de todos os dados obtidos das amostras de rochas lunares parece indicar somente alguns poucos milhares de anos desde que a Lua atingiu sua atual condição superficial.

Radiação Cósmica

A radiação cósmica consiste de núcleos atômicos deslocando-se com velocidades da ordem de grandeza da velocidade da luz. As energias correspondentes são enormes, variando de um bilhão a um quatrilhão de eletron-volts. Samuel Glasstone (15) descreve a energia dos raios cósmicos:

Verifica-se o extraordinário poder de penetração dos raios cósmicos, em primeiro lugar pela sua capacidade de penetrar na atmosfera terrestre, cujo poder de absorção para as radiações ionizantes é equivalente a aproximadamente um metro de espessura de Chumbo. Mas não é somente isso. Os raios têm sido detectados sob o solo e sob a água, em distâncias equivalentes a 1400 metros de profundidade. Somente partículas com muitos bilhões de eletron-volts de energia poderiam ter penetrado em tais profundidades.

O Dr. James Van Allen (16) foi um dos principais responsáveis pela descoberta dos cinturões de radiação. Ele encontrou taxas de contagem de radiação superiores a 1000 vezes à esperada teoricamente para os raios cósmicos. Diz ele o seguinte:

Em altitudes mais elevadas … até ser atingido o ponto de saturação do contador, obtinham-se taxas superiores a l000 vezes a expectativa teórica para os raios cósmicos. A partir da taxa de crescimento e da duração dos períodos de saturação, supusemos que a contagem máxima provavelmente atingiu diversas vezes esse nível.

Há evidências de que o campo magnético terrestre tem mudado de polaridade mais do que uma vez; e como o Dr. John Grebe ressaltou numa comunicação pessoal, durante a inversão da polaridade há um período sem magnetismo, durante o qual a radiação cósmica bombardearia a Terra com maior intensidade. A radiação de alta energia, então, é uma causa possível para a aceleração da taxa de desintegração do Urânio, Tório, e talvez outros elementos radioativos. Essa possibilidade lança dúvidas sobre todos os métodos de datação que envolvem radioatividade.

Certos meteoritos de Ferro têm aparentado idades de centenas de milhões de anos, enquanto que meteoritos de rocha são considerados como tendo somente dezenas de milhões de anos. Por que tal diferença? O Dr. Harold Urey (17) explica esse fato dizendo que os meteoritos de pedra estavam enterrados mais profundamente sob a superfície do astro-mãe, sendo assim blindados relativamente aos raios cósmicos de alta energia. Logo, parecem mais jovens. Os meteoritos de Ferro originaram-se na superfície, onde a intensa radiação “envelheceu-os” mais rapidamente. Pode-se pensar nesta altura, se, ao computar-se a idade da Terra em bilhões de anos não se está meramente observando uma aparência de idade?

Talvez Curt Teichert (18) melhor resumisse a situação ao dizer “Atualmente não se pode construir nenhuma imagem coerente da história da Terra, com base na datação com Radiocarbono”. O Dr. James B. Conant (19) – presidente emérito de Harvard, teve este comentário a acrescentar:

Não poucos físicos têm expresso grandes dúvidas quanto a se poder supor uniformidade no comportamento da matéria ao longo de tão enormes períodos de tempo. O que significa o conceito de tempo quando lidamos com milhares de milhões de anos? Da mesma maneira como os físicos acharam necessário reformular algumas idéias sobre o espaço e o tempo ao lidar com velocidades muito altas e distâncias muito pequenas, é possível também que as noções comuns sobre o tempo não possam ser extrapoladas à cosmologia.

O laboratório de anéis de crescimento de árvores da Universidade do Arizona recebeu um auxílio de US$ 45.000,00 da National Science Foundation, para continuação da pesquisa do Dr. Charles W. Ferguson sobre a discrepância entre a idade-radioativa e a idade calculada a partir dos anéis de crescimento, para o pinheiro California bristlecone. Os seguintes noticiários dão os detalhes:

“Os cientistas têm especulado que a escala de datação do Radiocarbono desvia-se da cronologia baseada nos anéis de crescimento devido ao intenso bombardeio cósmico da atmosfera, que decresceu atingindo o nível atual há cerca de 2000 anos. Os mais antigos pinheiros bristlecone vivos são encontrados nas White Mountains da Califórnia oriental. Descobertos em 1956 pelo falecido Dr. Edward Schulman e pelo Dr. Ferguson, esses pinheiros estavam crescendo nas áridas “White Mountains” da Califórnia centro-oriental milênios antes dos egípcios começarem a construção das pirâmides. Isso se deu na época em que o famoso Hammurabi reinava no reino semítico ocidental de Babilônia, e compilava o seu grande código de leis” (20).

A suposta causa da incerteza do Carbono-14 é a variação da radiação cósmica e a conseqüente variação da formação de Carbono-14. Essa flutuação naturalmente é conflitante com o conceito da uniformidade, e é equivalente à aceitação de que a proporção de Carbono-14 existente na atmosfera não permaneceu constante durante o passado. Tal aceitação põe por terra a precisão de tais datas, de maneira geral.

Conclusão

As opiniões arraigadas dos cientistas alteram-se muito vagarosamente quando confrontadas com visíveis evidências que exigem uma reformulação da teoria. Fatos revolucionários e impressionantes têm vindo à luz nos anos recentes, exigindo uma revisão da teoria evolucionista no campo da Geologia como, por exemplo, a descoberta de pegadas humanas fósseis juntamente com dinossauros, no Cretáceo, e também junto com trilobitas no Cambriano de Utah, a descoberta de pólen de coníferas e gimnospermas nas formações cambrianas e pré-cambrianas do Grande Canyon.

No seu artigo “The Case for Hierarchical Cosmology”, G. de Vaucouleurs escreveu:

A história da Ciência, certamente, está repleta de exemplos de pequenos fatos obstinadamente “feios”, que destroem “belas” teorias … acima de tudo estou me referindo a uma aparente perda de contato com a evidência empírica e com os fatos observáveis, e pior do que isto, a uma recusa deliberada da parte de alguns teóricos em aceitar tais resultados quando eles se mostram em desacordo com algumas das teorias atuais do Universo, supersimplificadas e portanto intelectualmente atrativas (21).

Se novas evidências de campo fossem incorporadas à teoria científica, isso seria um grande passo em direção à demonstração da existência contemporânea dos principais tipos de vida biológica desde os dias da Criação. A extinção em massa da vida antiga devido a alguma calamidade catastrófica viria em apoio ao Dilúvio Bíblico como um dos maiores acontecimentos tectônicos de todas as épocas geológicas.

Bibliografia

(1) van de Fliert, J. R. 1969. Fundamentalism and the fundamentais of geology, Journal of The American Scientific Affiliation, September, pp. 69-81.
(2) Whitcomb, John C. and Henry M. Morris. 1961. The Genesis flood. – Presbyterian and Reformed Publishing Co., Philadelphia, Penn.
(3) Newell, Norman. 1965. Speech to American Geological Institute, New York. American Museum of Natural History. Reported address.
(4) van de Fliert, J. R. Op. cit., p. 70.
(5) Bretz, J. Harlan. 1969. The Lake Missoula floods and the channeled scablands, The Journal of Geology, 77(5):505-543: September.
(6) Ibid., p. 507.
(7) Trimble, D. E. 1963. Geology of Portland, Oregon, and adjacent areas. U. S. Geol. Survey Bulletin 1119:119.
(8) Rastall, R. H. 1956. Geology, Encyclopedia Brittanica, 10:168.
(9) Burdick, C. L. 1969. The Lewis overthrust, Creation Research Society Quarterly, 6(2):96-106. September. Ver também, do mesmo autor juntamente com Harold Slusher: The Empire Mountain – a thrust fault?, Creation Research Society Quarterly, 6(1):49-54. June
(10) Schuchert, Charles. 1931. Physics of the earth. National Research Council Bulletin 80:14.
(11) Rogers, John and Carl Dunbar. 1957. Principles of stratigraphy. John Wiley and Sons, New York, p. 128.
(12) Dana, J. D. 1894. Manual of geology. Fourth Edition. American Book Co., New York, N. Y., p. 1007.
(13) Holmes, Arthur. 1931. Physics of the earth. National Research Council Bulletin 80, p. 18.
(14) Summary of Apollo II Lunar Science Conference. 1970. Science, 167 (3918):449. January 30.
(15) Glasstone, Samuel. 1958. Source book of atomic energy, Second Edition. Van Nostrand, N. Y., p. 562.
(16) Van Allen, J.A. 1959. Radiation belts around the earth, Scientific American, 200:44. Match.
(17) Urey, Harold C. 1960. Citado por I. M. Levitt, Director: Fels Planetarium, The Franklin Institute. August 7.
(18) Teichert, Curt. 1958. Some biostratigraphical concepts. Bulletin of the Geological Society of America, 69(1):102. January.
(19) Conant, James B. 1951. Science and common sense. Yale University Press, New Haven, Conn., p. 282.
(20) Radiocarbon dating of the bristlecone pine deviates from tree-ring dating by about 1000 years, Arizona Daily Star, Phoenix, July 8, 1970, p. 2, Section A.
(21) Vancouleurs, G. de. 1970. The case for a hierarchical cosmology , Science, 167(3922):1204. February 27.

OS ANCESTRAIS DO HOMEM(Esta Nota foi acrescentada à primeira edição deste número da Folha Criacionista)

No terceiro número da Folha Criacionista tivemos a oportunidade de publicar um artigo sobre o famoso “Homem de Piltdown”, que acabou se constituindo em uma das maiores fraudes no âmbito da antropologia, e que por muito tempo foi divulgado como o “elo perdido” que havia faltado para “comprovar cientificamente” a evolução do homem a partir dos símios. Em vários outros artigos publicados pela Folha Criacionista foi tratado também o assunto referente ao “Homem de Piltdown”, como por exemplo, no artigo que se inicia na página seguinte. Mais recentemente (com relação à data em que está agora sendo feita a reedição das Folhas Criacionistas que se encontravam esgotadas já há anos), na “Folhinha Criacionista” número 6, de setembro de 1999, foram trazidas também fotografias ilustrativas da “descoberta” do “Homem de Piltdown.

Nosso Editor sênior teve a oportunidade de, em seus dias de Ginásio (hoje segundo grau, ou ensino médio), nos idos de 1940, receber o impacto daquilo que era então mostrado pelos compêndios escolares como a prova indiscutível da evolução do ser humano. Reproduzimos abaixo a figura da “reconstrução” do busto do “Homem de Piltdown”, que se encontrava em um dos livros de divulgação científica publicado na época, a “História da Ciência”, de David Dietz, editado pela Livraria José Olympio Editora, na página 328.

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