Nas últimas décadas, o destaque crescente que tem sido dado ao Criacionismo, à “ciência criacionista” (1), à “ciência das origens” (2) e à “ciência teísta” (3), tem criado um clima em que perguntas antigas têm surgido com enfoques específicos e nova sofisticação. Uma delas refere-se ao significado que se dá ao termo “dia” nos primeiros capítulos de Gênesis.
A natureza do relato da Criação com os seus seis “dias” (Gênesis 1:5-31) seguidos do “sétimo dia” (Gênesis 2:2-3) é de interesse especial, porque costumeiramente esse período é entendido como significando o curto lapso de uma semana literal. Com base na moderna Teoria da Evolução Natural, tem sido questionado esse curto intervalo de tempo apresentado no relato bíblico da Criação. Há um contraste entre o curto período de tempo do relato da Criação e as longas eras exigidas pela Evolução Natural.
Este artigo tentará desincumbir-se de várias tarefas inter-relacionadas:
1. Prover algumas observações metodológicas, com um breve histórico da interpretação bíblica pertinente;
2. Citar opiniões representativas recentemente publicadas sugerindo que os “dias” da Criação constituem longos períodos de tempo, ou épocas, e não dias literais de vinte e quatro horas;
3. Apresentar os dados encontrados em Gênesis 1 no seu relacionamento com outros dados do Velho Testamento;
4. Aplicar na análise dos dados de Gênesis 1 a metodologia usual das pesquisas linguísticas e semânticas, levando em conta o mais apurado conhecimento atual.