Nota Editorial da S.C.B.

1 – O MICROSCÓPIO

O microscópio é um instrumento que permite a observação de objetos invisíveis a olho nu, mediante a utilização de artifícios que aumentam o tamanho aparente dos objetos. A palavra microscópio compõe-se de raízes de duas palavras gregas que significam respectivamente “pequeno” (mikrós), e “observar”, ou “ver através de” (skopéoo), e foi introduzida no início do século XVII na linguagem da História Natural, referindo-se a um instrumento óptico composto de uma objetiva e uma ocular formadas de lentes de vidro convergentes.

Essas lentes, ou sistema de lentes, receberam o seu nome em função de estarem dispostas respectivamente ou nas proximidades do olho do observador (ocular), ou nas proximidades do objeto a ser observado (objetiva). Às vezes esse tipo de microscópio é chamado de “microscópio composto”, exatamente por ser composto de duas lentes ou sistemas de lentes dispostas ao longo do eixo de observação, reservando-se o termo “microscópio simples” para uma só lente (ou eventualmente um só sistema de lentes).

O microscópio simples é também comumente chamado de lupa, e pode assumir diferentes tipos de montagem.

O aumento que se pode obter com lupas de uma só lente é da ordem de 50 vezes. Utilizando-se duas ou três lentes próximas entre si, podem ser conseguidos aumentos de até 100 vezes.

Nos microscópios compostos, a objetiva e a ocular correspondem, cada uma delas, a uma lupa, e o aumento que pode ser obtido corresponde à multiplicação entre si dos aumentos de cada uma das duas lupas. Assim, é possível serem conseguidos aumentos da ordem de 1.000 a 3.000 vezes.

É interessante observar que o uso de lupas remonta à mais remota antigüidade, tendo sido encontradas nas ruínas de cidades assírias, como Nínive, cristal de rocha talhado em forma de lente plano-convexa.

Pode-se até mesmo supor que lunetas teriam sido usadas na Mesopotâmia para a observação dos astros, uma vez que os registros astronômicos constantes dos tabletes de argila que puderam ser descobertos são extremamente precisos e completos, o que dificilmente poderia ter sido conseguido sem o uso de instrumentação óptica.

Os Romanos também conheciam o poder de ampliação das lentes biconvexas. Nas ruínas de Herculano e Pompéia foram encontrados cristais convexos, e o filósofo Sêneca, bem como o naturalista Plínio, contam que Nero observava à distância o combate de gladiadores através de uma esmeralda talhada. Provavelmente o uso dessa esmeralda tivesse a ver com a correção de miopia, antecedendo assim por muitos séculos a utilização dos óculos corretores de defeitos de visão.

De acordo com Sêneca, e também mais antigamente com Aristófanes, os médicos romanos e gregos utilizavam bolas de vidro cheias de água para a observação de tecidos enfermos. Talvez dessa prática tenha se originado a utilização de “bolas de cristal” para a suposta previsão do futuro.

Há referências sobre o uso de lentes pelos Árabes no século XI, e no século XIII Roger Bacon descreveu as propriedades das lentes biconvexas.

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