O conceito de Homologia, no sentido histórico, foi definido por Darwin em “A Origem dos Espécies” como “o reconhecimento de um plano fundamental nos animais e nas plantas, atribuído à descendência com modificação”. A herança de sucessivas pequenas modificações provenientes de um ancestral comum foi uma reação ao ponto de vista extremo da imutabilidade das espécies aceita naquela época. Este artigo procura mostrar que não é contrário ao espírito científico atribuir um plano comum, ou uma estrutura básica estabelecida por um Criador, às semelhanças existentes nos vários ramos dos vertebrados.
Um levantamento dos livros didáticos de Biologia, recente e amplamente adotados nas escolas secundárias, indica que a Homologia no sentido Darwinista ainda é oferecida como “prova” da evolução. O reconhecimento da rápida invasão do ensino evolucionista em nosso sistema educacional, a ponto de completamente suprimir os pontos de vista criacionistas, conclama tanto os cientistas quanto os leigos a batalharem pelo retorno da apresentação dos dados da Ciência Natural dentro da linha criacionista.
Introdução
Este artigo apresentará alguns dos desenvolvimentos históricos que levaram ao conceito de Homologia como expresso por Darwin e Huxley, bem como algumas objeções ao conceito, que foram feitas naquela época. Será também apresentada a consideração de alguns livros didáticos recentes, tanto de nível superior como de nível secundário, para mostrar a premissa geralmente aceita de que esse conceito estabelece “evidências” em apoio à evolução. É chegado o tempo em que cientistas nas fronteiras avançadas da pesquisa, bem como do ensino, deveriam ser ouvidos a respeito desse tão importante assunto.
A Homologia é definida por Webster como a correspondência no tipo de estrutura existente entre partes ou órgãos de diferentes organismos, devido à diferenciação, pelo processo de evolução, a partir da mesma parte ou órgão, ou da parte ou órgão correspondente de algum ancestral remoto. Inclui-se, em auxílio da definição, a relação estrutural existente entre o braço humano, a perna dianteira do cavalo e a asa dos pássaros, como exemplos típicos da Homologia.
A Homologia, pelo menos historicamente foi muito mais enfatizada nos animais do que nos vegetais. É ela um capítulo da Morfologia Animal situado especificamente no Campo da Anatomia Comparada, embora tenha sido também ressaltada na disciplina da Embriologia.
Todavia, tem havido recentemente pouca pesquisa no Campo da Anatomia Comparada; de fato, muitas escolas de Medicina retiraram essa matéria dos seus requisitos de admissão, e muitas universidades e faculdades não mais estão lecionando essa matéria. Dever-se-ia isso a ser tão óbvio, a ponto de constituir uma observação trivial, o fato de possuírem os animais certas semelhanças, e em conseqüência a Anatomia Comparada meramente apontar ao trivial? Por outro lado, não seria também porque a existência de semelhanças acaba dependendo da preferência do investigador?
Poderia também o leitor perguntar se a idéia da Homologia não foi abandonada, de maneira geral, pelo menos como prova da teoria das origens evolutivas dos seres vivos. Embora tendo sido um dos mais antigos argumentos usualmente apresentados a favor da evolução, teria ela atualmente ficado fora de moda e sido relegada a uma primeira geração de raciocínio?
Apresentadas essas perguntas, como professor interessado na boa didática, verifico que em quase todos os livros-textos de Biologia apresenta-se o conteúdo do conceito de Homologia com as mesmas cores com que sempre foi pintado, com o mesmo apelo especial à evolução. O que se passa, por exemplo, com os livros mais recentemente publicados?
A propaganda do “Elementos de Ciência Biológica” de William T. Keeton, afirma que o autor segue “de começo a fim uma abordagem não dogmática que estimula o interesse do estudante mediante ênfase dada tanto a favor como contra conclusões científicas”. Fiquei, portanto, desejoso de verificar se o assunto da Homologia era apresentado, e de que maneira. Escreve Keeton (l):
“Os pesquisadores da Sistemática, então, ao estudar as semelhanças existentes entre duas espécies, devem determinar se essas semelhanças são provavelmente homólogas (herdadas de um ancestral comum), ou meramente análogas (semelhantes em função e de começo a fim uma abordagem não dogmática que estimula o interesse do estudante mediante ênfase dada tanto a favor como contra conclusões cientificas freqüentemente na estrutura superficial, mas de diferentes origens evolutivas). Assim, as asas dos tordos e dos azulões são consideradas como homólogas, isto é, a evidência indica que foram herdadas de um ancestral alado comum. Contudo, as asas dos tordos e as asas das borboletas são somente análogas, porque embora sejam estruturas funcionalmente semelhantes não foram herdadas de um ancestral comum, mas evoluíram, independentemente de diferentes estruturas ancestrais”.
E assim, pacientemente e com imparcialidade, como o Dr. Evan Shute (2) tão apropriadamente descreve, “as evidências pro e contra devem ser apresentadas de novo para a análise imparcial”, porque o autor do livro?texto não o fez para os seus leitores.
[Com referência à abordagem não dogmática deparei-me com esta estonteante afirmação no livro de Keeton “As baleias, que são mamíferos descendentes de ancestrais terrestres, desenvolveram nadadeiras a partir das patas dos seus ancestrais; essas nadadeiras parecem-se superficialmente com as barbatanas dos peixes, mas as semelhanças devem-se à convergência, não indicando uma relação próxima entre baleias e peixes” (3)] .Do fato, os professores devem analisar para seus alunos afirmações dogmáticas tais como as contidas na declaração anterior, pela qual “baleias … são mamíferos descendentes de ancestrais terrestres” e que “desenvolveram nadadeiras a partir das patas …” É freqüentemente difícil , mesmo para estudantes de faculdade, distinguir a falsidade oculta por detrás de afirmações dessa espécie. O ponto que desejo abordar, desta maneira, é que a Homologia e o argumento dos órgãos vestigiais ainda são apresentados aos estudantes de Biologia como provas da evolução!
De que maneira se supõe que as baleias “evoluíram” provindo dos mamíferos terrestres? Raramente vi explicação dada por evolucionistas para esse maravilhoso fenômeno. Deparei?me, porém com o seguinte trecho do falecido Douglas Dewar, a quem tive o privilégio de visitar certa ocasião em sua residência de Hindley?on?Thames, na Inglaterra, durante minha permanência na Alemanha, após a guerra:
“Um maravilhoso exemplo disso ocorre no livro de Sir J. Arthur Thomson ‘Biologia para Todos’. Afirma ele que as baleias descendem de animais terrestres que passaram a viver na água, escrevendo: Podemos, iniciar com um animal como o arminho, que ocasionalmente mergulha e nada bem. O próximo passo pode ser ilustrado pela lontra, que se sente completamente à vontade no rio e pode nadar milhas em direção ao alto mar, e que se dá perfeitamente bem também em terra. No próximo nível pode ser posta a quase extinta lontra marinha (Enhydris) do Pacífico Norte, cujas patas traseiras são apropriadas somente para nadar. Encontramos então a série progressiva representada pelos leões marinhos, elefantes marinhos e focas ? estas últimas sendo, quase tão totalmente aquáticas quanto as baleias, embora tragam os seus filhotes à praia para lá alimentá?los” (4).
E então o Dr. Dewar desfaz tudo isso de um só golpe, com a sua peculiar concisão, escrevendo:
“A passagem acima, embora de maneira alguma resolva a dificuldade da transformação de um mamífero terrestre em aquático, contém a falsa suposição de que a evidência para a transformação deve-se ao fato de que alguns mamíferos existentes são mais aquáticos do que outros” (5).
Origem histórica da Homologia
Certamente o conceito de Homologia é bastante antigo; não é novo nem moderno. Talvez não se saiba exatamente quando foi ele apresentado pela primeira vez, embora tenha sido usado por Darwin em “A Origem das Espécies” para apoiar e sustentar a sua doutrina da evolução. Sobre o assunto diz ele as memoráveis palavras:
O que pode ser mais curioso do que a mão do homem formada para segurar, a de um tatu para cavar, a perna do cavalo, a nadadeira do delfim e a asa do morcego, tudo construído conforme o mesmo esquema, incluindo ossos semelhantes nas mesmas posições relativas? (6)
Vê-se nessa afirmação quão incrível parecia a Darwin o simples fato da correspondência entre as partes dos membros dianteiros dos vertebrados. Deve?se lembrar, entretanto, que nos dias em que Darwin escreveu, a opinião da época pendia totalmente para o lado da imutabilidade das espécies. R. E. D. Clark, no seu capítulo “Antes de Darwin” torna bem claro esse ponto:
No décimo oitavo século, Lineu (1707?1778), o grande sistematizador da Zoologia, tornou-se profundamente convicto de que as espécies eram imutáveis. Sua convicção, baseada na observação direta, não era abalada pelas semelhanças anatômicas que freqüentemente achava existir entre animais distintos. Existem, afirmava ele, “exatamente tantas espécies quantas foram criadas no início pelo Ser Infinito. … Os biologistas, também, foram levados a crer na absoluta fixidez das espécies (7).
Para derrubar completamente tais estreitos conceitos de imutabilidade surgiu em 1844 o livro “Vestígios” de autoria de Chambers, poucos anos antes de Darwin publicar suas notas a respeito da viagem no Beagle. O tom desse revolucionário livro era totalmente evolucionista, mas devotamente “cristão”. Pensa?se que Darwin foi grandemente influenciado por esse livro.
Assim, em torno de 1859 criou-se o clima para a abolição de um ponto de vista extremo ? a imutabilidade absoluta das formas viventes – e a aceitação de outro ponto de vista extremo ? a mudança, e mudança considerável, de todas as formas orgânicas. Estamos presenciando, finalmente, nos últimos decênios, a oscilação do pêndulo em direção novamente de uma abordagem mais razoável, sob a ação de cientistas criacionistas.
Muitos dos argumentos de Chambers (tais como a absurda aceitação das supostas estreitas relações entre algas marinhas, homens e rãs, e a estranha idéia da recapitulação posteriormente tão desenvolvida por Ernst Haeckel) foram avidamente adotados por aqueles que procuravam meios com que enfrentar os teólogos que aceitavam a imutabilidade das espécies! A dificuldade, então, era que os homens de ciência que criam na revelação de Deus freqüentemente O defendiam com bases muito precárias! E alguns ainda continuam hoje a proceder assim.
Exame da Homologia segundo Darwin
Para examinar os reais pontos controvertidos envolvidos no conceito de Homologia, pelo menos na sua conceituação inicial, é conveniente reportar?se ao livro?fonte da evolução (A Origem das Espécies) e verificar exatamente o que Charles Darwin afirmou sobre o assunto. E verificaremos não somente o que ele mencionou a respeito da natureza das semelhanças entre os seres orgânicos ? sua morfologia ou anatomia comparada ? mas também o “por que” de tais homologias. Ele fala da Homologia com as palavras seguintes:
Nada pode ser mais desesperançoso do que tentar explicar essa semelhança de configuração dos membros da mesma classe mediante a sua utilidade ou mediante a doutrina das causas finais. A desesperança de tais tentativas foi expressamente admitida por Owen no seu interessantíssimo trabalho sobre a “Natureza dos Membros”. Sob o ponto de vista costumeiro da criação independente de cada ser, somente podemos dizer que assim é ? que aprouve ao Criador construir todos os animais e plantas de acordo com grandes classes, segundo um plano uniforme ? mas isso não é uma explicação científica (ênfase suprida) (8).
Vê-se por essa afirmação, então, que Darwin nunca pôde deixar de lado completamente a idéia de um Deus-Criador, a qual de fato o perseguiu até a hora de sua morte. É verdade, de fato, que o célebre anatomista daquela época, Richard Owen, mantinha positivamente, como o fazem hoje muitos cientistas criacionistas (9), que tais semelhanças existentes nos animais e plantas devem-se a um plano comum, ou a um projeto comum de um Criador.
Entretanto, Darwin, e realmente a maior parte dos evolucionistas modernos, não considera isso como explicação. Dizem eles: isso é não científico! Quão freqüentemente ouço estudantes secundários, e mesmo primários, exprimindo essas mesmas dúvidas, as quais com toda probabilidade receberam de seus professores graduados nas universidades, onde foram doutrinados na “religião” da Biologia, isto é, na evolução!
No lugar da “criação independente de cada ser”, ou conceito de absoluta fixidez das espécies, atacado por Darwin, tem-se esta explicação “científica” oferecida por Darwin:
A explicação torna-se em grande parte simples com a teoria da seleção de sucessivas ligeiras modificações – cada modificação sendo de algum modo proveitosa para a forma modificada, mas freqüentemente afetando por correlação outras partes da organização (10).
Assim, somos levados a crer que, pelo fato de ser “desesperançosa” a criação de conformidade com um plano ou esquema, devemos aceitar outras teorias e outras hipóteses sem fim, para possibilitar a teoria da ascendência comum!
Como professor de faculdade tenho verificado que alguns estudantes abrigam idéias preconcebidas de que a criação está “desesperançadamente em contradição com a ciência moderna”. Como conferencista sobre assuntos de Ciência, Bíblia e Evolução, freqüentemente tenho tido o privilégio de falar em reuniões de estudantes secundários e aulas de Biologia, tendo verificado que os estudantes secundários exprimem as mesmas dúvidas que Darwin apresentou no seu livro! Com poucas exceções, os únicos argumentos que eles têm ouvido são os da evolução. Dever-se-ia isso a ser esse o único ponto de vista que os seus jovens professores conhecem?
Em todas as oportunidades apresento o que creio ser a melhor refutação à idéia global da evolução como uma teoria “científica”. Refiro-me à Introdução da edição do centenário de A Origem, feita pelo Dr. W. R. Thompson, F.R.S.! E enfatizo o significado da sigla F.R.S.: Fellow of the Royal Society! Realmente, o Dr. Thompson foi Diretor do Instituto de Biologia da Comunidade Britânica, em Ottawa, Canadá. As bibliotecas das escolas secundárias, regra geral, não possuem essa edição de A Origem, e a maioria dos bibliotecários jamais ouviu falar a seu respeito!
A força dos argumentos expressos por Thompson torna-se maior por causa da sua localização na Introdução da própria “Bíblia” dos evolucionistas, e que de fato, como ele admite, não é um “hino a Darwin e ao Darwinismo, como freqüentemente introduzido em tantos livros didáticos de Biologia”. Diz ele o seguinte, a respeito do assunto das “ligeiras modificações” como explicação para a Homologia:
O que tais casos de … homologia geral realmente demonstram é que há grande número de organismos diferindo consideravelmente nos detalhes estruturais, mas construídos obedecendo ao mesmo plano fundamental. Entretanto, isso não é prova da descendência de um ancestral original desse tipo anatômico. Essa mesma descendência requer demonstração (11) (ênfase acrescentada).
Além disso, Thompson rejeita o costumeiro sofisma dos evolucionistas, de que tal semelhança é mais difícil de ser levada em conta na origem independente de tipos complexos; e sugere ele que, enquanto não for conhecido precisamente o mecanismo pelo qual “a seleção das sucessivas ligeiras modificações” possa explicar essa semelhança, devemos admitir que nossa informação sobre esse assunto é insuficiente. Deve também ser mencionado que os evolucionistas, na maior parte, cometeram o erro de considerar somente as semelhanças, ignorando quase completamente as diferenças entre os organismos (12).
Observação sobre o raciocínio de Darwin
Gostaria de chamar a atenção para a maneira em que Darwin tenta explicar as sucessivas ligeiras modificações, e também para a citação de um trecho excelente que serve como a melhor refutação de tais modificações. O raciocínio Darwinista nessa linha é o seguinte:
Em mudanças desta natureza, haverá pouca ou nenhuma tendência para alterar a configuração original, ou para transpor as partes. Os ossos de uma perna poderiam ser encurtados e achatados em qualquer grau, tornando-se ao mesmo tempo envolvidos por uma espessa membrana para servirem como nadadeiras; ou uma mão membranosa poderia ter todos os seus ossos, ou certos ossos, encompridados em qualquer grau, com a membrana de ligação deles aumentada para servir como asa; apesar disso, essas modificações não tenderiam a alterar a infraestrutura dos ossos nem a conexão relativa entre as partes (13).
E com a frase mais capciosa de todas, “se supusermos”, a que tão freqüentemente recorrem os propagandistas da evolução, somos introduzidos a esta maravilhosa explicação do “por que” da Homologia:
Se supusermos que um primitivo progenitor – o arquétipo, como poderia ser chamado – de todos os mamíferos, pássaros e répteis, tivesse seus membros construídos segundo o esquema geral existente, qualquer que fosse o propósito ao qual servissem, poderemos imediatamente perceber a clara significação do construção homóloga dos membros em toda a classe (14).
É absurdamente fácil exagerar as semelhanças, enquanto ao mesmo tempo desprezar as diferenças é um erro mais difícil de evitar. Há um excelente comentário sobre o assunto da suposta homologia dos membros dos vertebrados, escrito logo após a publicação de Os Vestígios. É de autoria de Clark e costuma ser chamado de “Homologizando a Mesa”!
O autor imagina um engenhoso jovem, Martinus Scriblerus, que se propõe a todo custo discernir conexões entre coisas, independentemente de serem elas reais ou imaginárias. … O que o impediria de lançar um olhar filosófico sobre a mobília de seu quarto? Com menos engenhosidade do que certos fisiologistas, facilmente descobriria uma maravilhosa unidade de planejamento. … Provavelmente teria ele tomado a mesa com seus quatro pés e a sua tampa como o grande tipo de marcenaria, e teria divisado modificações deste tipo básico em todas as peças ao seu redor. As cadeiras nada mais são do que a mesa com um manifesto desenvolvimento das pernas trazeiras constituindo o encosto. Das cadeiras para o sofá a transição seria ridiculamente fácil; de fato, o sofá só pode ser considerado como uma variedade da cadeira, produzida por um elevado estado de desenvolvimento. No divã, a tampa da mesa tornou-se espessa e macia, enquanto que as pernas se reduziram a pequenos apoios globulares. … O que seria a cama colonial se não a duplicação do tipo original – uma mesa colocada sobre outra mesa, a mesa de cima sem a tampa? … A lareira talvez apresentasse alguma dificuldade … (15).
A natureza ridícula de tal raciocínio pode ser facilmente detectada. Tal especulação, e tal raciocínio semelhante dos evolucionistas tem estabelecido muitas homologias fantásticas, nenhuma das quais pode ser evidenciada mediante prova experimental de qualquer espécie. A simples verdade é que, de fato, um marceneiro poderia ter feito cada peça da mobília, utilizando para cada uma deles a objetividade por ele julgada necessária para torná-la funcional.
Freqüentemente tem sido apresentado como objeção os cientistas criacionistas não poderem argumentar que, por proceder o homem de acordo com certas normas, Deus, também, como Criador, tenha procedido da mesma maneira. Também, como um livro escolar bastante divulgado afirma, referindo-se aos progressos na locomoção dos animais, “não se deveria supor que qualquer dessas vantagens … fosse adquirida propositadamente” (16). Considero que, embora os métodos utilizados por Deus na criação sejam grandemente inescrutáveis para nós hoje, efetivamente existe um planejamento no mundo orgânico. Certamente a existência de um propósito pareceria ser a explicação óbvia de que realmente os olhos foram feitos para ver e os ouvidos para ouvir. (17).
A respeito desse assunto de fazer as coisas, deparei com esta afirmação atribuída a um biologista de tempos idos, George Mivart. Ele é citado como afirmando:
Mivart pede-nos que meditemos no que faríamos se fôssemos Deus e fôssemos criar o homem. Diz ele que seríamos guiados pelas seguintes considerações: (1) para viver nesta Terra o homem deve assemelhar-se aos animais no comer, no respirar, etc.; (2) por ser uma criatura inteligente deve ter um extenso sistema nervoso; (3) dessa maneira, nenhum invertebrado, nem réptil, nem peixe, nem pássaro, apresenta constituição capaz de abrigar tal enorme sistema nervoso; (4) baleias, golfinhos e focas também não são capazes … e pela mesma razão (5) os mamíferos com casco; (6) isso nos restringe aos carnívoros, e dentre eles os que têm corpo o mais aproximadamente talhado para o que um homem deveria possuir, estão os símios (18).
Assim, o homem apresenta muitos traços em comum com os outros animais, o que não deveria surpreender ninguém, posto que respira o mesmo ar, come alguns dos mesmos alimentos, etc. É o que a Bíblia afirma em sua maneira peculiar, condenando ainda o “humanista científico” na sua tentativa de considerar o homem como sendo “somente” um animal! Achamos no livro de Eclesiastes estas palavras:
Disse ainda comigo: É por causa dos filhos dos homens, para que Deus os prove, e eles vejam que são em si mesmos como os animais. Porque o que sucede aos filhos dos homens, sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó, e ao pó tornarão. Quem sabe que o fôlego de vida dos filhos dos homens se dirige para cima, e o dos animais para baixo, para a terra? (19)
Atenção dada às homologias de série
O assunto das Homologias de Série é freqüentemente mencionado, e alguns exemplos são dados por Darwin. Deixaremos que um dos seus contemporâneos, Thomas Henry Huxley, avô do celebre evolucionista moderno, Sir Julian Huxley, exponha esse assunto. Foi Huxley quem divulgou as idéias do Darwin; foi ele certamente um arqui-inimigo do cristianismo. Escreveu ele:
Tenho perante mim uma lagosta. Ao examiná-la, qual parece ser o característico mais impressionante que ele apresenta? Bem, eu observo que esta parte que nós chamamos de cauda é constituída de seis anéis córneos distintos, e uma sétima parte na extremidade. Se eu separar um dos anéis medianos, por exemplo o terceiro, descubro que ele apresenta na sua superfície inferior um par de membros ou apêndices, cada um consistindo de uma haste e duas peças terminais … Se eu tomar agora o quarto anel verifico que ele tem a mesma estrutura, e da mesma maneira o quinto e o segundo; de tal modo que em cada uma dessas divisões da cauda descubro partes que mantêm correspondência entre si, um anel e dois apêndices; e em cada apêndice uma haste e duas peças terminais. Essas partes correspondentes são chamadas, na linguagem técnica da Anatomia, de “partes homólogas”. O anel da terceira divisão é o “homólogo” do anel da quinta, o apêndice da anterior é o homólogo do apêndice da posterior … mas para o que tende tudo isso? Para a conclusão bastante notável de que uma unidade de planejamento, da mesma espécie, quer na cauda quer no abdomem, permeia todo o organismo do seu esqueleto …
Posso assinalar exatamente que modificação sofreu o plano geral naquele segmento particular; que parte permaneceu móvel, e que parte tornou-se fixa à outra, qual se desenvolveu e metamorfoseou-se excessivamente e qual foi suprimida.
… Contudo, imagino ouvir a pergunta: Como pode tudo isso ser testado? … Reconhece a Natureza, de qualquer maneira mais profunda, essa unidade de planejamento que parecemos distinguir? (20)
Esse é o conceito geral da Homologia de Série, o qual é ainda extensamente expresso na literatura hoje em dia. Observe-se que Huxley menciona poder assinalar “exatamente como surgiram essas modificações”. Apela ele ao desenvolvimento embriológico (o qual por sua vez requer demonstração) para finalmente atribuir mais “evidência” para os seus pontos de vista.
Lembro-me de meu trabalho como doutorando na Universidade de Minnesota. Como estudante de pós-graduação tive de aprender grande quantidade de dados sobre Homologia, e como professor assistente do Departamento, tive de ensiná-los. Refiro-me ao ensino ministrado utilizando certo manual de laboratório padrão. Sob o título “Apêndices” encontra-se:
Os apêndices da lagosta compreendem excelente material para o estudo do fundamento da Homologia de Série – a modificação estrutural de uma série de órgãos originalmente semelhantes, servindo a diferentes propósitos. Começando com a segunda antena, todas elas são variações de um tipo comum bifurcado (ilustrado pelo terceiro apêndice abdominal) consistindo de um segmento basal, o protopódito, e duas ramificações, uma externa, o exopódito, a outra interna, o endopódito (21).
Vê-se aqui, então, o princípio de Homologia de Série expresso praticamente da mesma maneira que Darwin e posteriormente Huxley o abordaram. O manual do laboratório é amplamente utilizado e aceito em muitos cursos superiores de Zoologia e Biologia. Apesar de não divergir dos zoologistas que se propõem a dar nome às partes do apêndice bifurcado da lagosta, tenho objeções com relação às atitudes dogmáticas que os autores exprimem a respeito da maneira como tais modificações podem ter-se originado. Como Huxley, apontam eles “exatamente” para as modificações que se realizaram, e para a maneira em que se deram. Isso é, de fato, pura suposição, e deveria assim ser reconhecido. Apesar de o manual do laboratório não afirmar especificamente que a Homologia de Série é devida à evolução, os estudantes prontamente tiram tal conclusão.
O espaço não permite uma revisão extensiva das obras, que desde Darwin até Huxley, serviram como contraposição à crescente aceitação da evolução como única explicação para a Homologia, contudo talvez possa ser dito com certeza que elas apelavam ao argumento do planejamento (22, 23, 24). Basta dizer que alguns dos perigos que elas previram com relação à aceitação da evolução pelos estudantes secundários são essencialmente semelhantes aos de que se fala hoje, e que constituem a razão básica para a publicação deste artigo.
A dificuldade reside no fato de existir muito pouca literatura com o ponto de vista criacionista, sendo os estudantes secundários geralmente muito pouco preparados, mesmo a respeito das evidências da evolução. Isso me leva, então, à consideração de alguns livros didáticos de nível secundário, populares e extensamente aceitos, e ao seu conteúdo no que diz respeito à Homologia.
Consideração de textos escolares
Um livro hoje amplamente utilizado nas escolas secundárias de todo o país é “Biologia Moderna”. Desde meu retorno dos campos missionários da Suíça e da Alemanha em 1953, tenho observado com interesse as várias alterações que tomaram lugar nas sucessivas edições desse livro tão conhecido. Estou certo de que poucos pais, e talvez menos professores ainda, têm-se dado conta das alterações específicas efetuadas desde a morte de Paul B. Mann e Truman J. Moon, respectivamente autor e co-autor da obra. James H. Otto é o único membro da equipe de autores ainda vivo.
A edição de 1956, a última em que Mann contribuiu, apresentava uma afirmação relativamente ao fato de que “nada existe em toda a Ciência que de qualquer maneira se oponha à crença em Deus e à religião” (25). Isso foi completamente omitido das duas edições sucessivas, de 1963 e de 1965.
De fato, não posso afirmar com certeza, mas imagino que o Dr. Mann era uma pessoa religiosa, e que com o seu falecimento foi fácil suprimir a afirmação acerca de Deus e a religião, por isso ser ofensivo a muitos Educadores. Qualquer menção desse gênero é geralmente omitida dos textos modernos de Biologia.
Outra razão pode bem ser que, da maneira como a Ciência é ensinada hoje em dia, há muito que realmente se opõe à crença em Deus e à religião! Se isso não for verdade, então por que tantos jovens estudantes secundários levantam tantas objeções à Bíblia e contra Deus quando lhes falo sobre o ponto de vista criacionista? Creio que a doutrina que se opõe a Deus – a evolução – está dentro de nossas escolas, e a Bíblia está fora, e não sou o único cientista dessa opinião!
A edição de 1956 de “Biologia Moderna” continha um capítulo sobre “O mutável domínio da vida” no qual cerca de sete “evidências” eram oferecidas como prova da evolução; isso tudo estava incluído na parte final do livro, de tal modo que o professor poderia omitir o capítulo, se o desejasse. As “evidências” apresentadas eram: l – fósseis; 2 – estruturas homólogas; 3 – estruturas vestigiais; 4 – embriologia; 5 – distribuição geográfica; 6 – resultados de cruzamentos; e 7 – genética experimental. O homem fóssil não era nem mencionado nem apresentado nessa edição!
Na edição de 1963 foi adicionado um capítulo sobre “A Estrutura do Corpo Humano”, e nesse capítulo foram incluídos os “homens fósseis”, com reconstruções imaginárias! (26) A edição de 1965 veio a lume ampliada, bem como com a apresentação da evolução. O título do capítulo “O mutável domínio da vida” tornou-se “Variação Orgânica”, e surgiu um capítulo inteiro sobre a “História do Homem”. Não se diga que as edições de “Biologia Moderna” não ensinam a evolução!
Com toda honestidade, deve ser reconhecido que os autores ainda incluem algumas afirmações adequadas quanto à teoria da evolução de Darwin, dizendo: “Nas suas linhas gerais ela é geralmente aceita, se bem que falhe na explicação de todos os fatos conhecidos”.
Tratamento da Homologia
A Homologia é discutida praticamente da mesma maneira em todas as três edições, apresentando-se as mesmas figuras, embora tenha havido alteração na sua legenda (Figura 1). É dito o seguinte sobre Homologia:
Tanto nas plantas quanto nos animais encontram-se partes que evidentemente são de origem e estrutura semelhante, apesar de poderem estar adaptadas para funções diferentes em diferentes espécies. Essas partes são chamadas de estruturas homólogas … os ossos da asa dos pássaros, da perna dianteira do cavalo e da nadadeira da baleia são tão semelhantes em sua estrutura, que, com mínimas exceções recebem os mesmos nomes (27).
Novamente permito-me repetir que semelhanças em plantas e animais não indicam necessariamente descendência de um ancestral comum; poderiam, da mesma maneira, resultar de um projeto ou planejamento comuns. O que é chamado de adaptação pelos evolucionistas é mantido pelos criacionistas como evidência de planejamento, com o mesmo rigor científico. Os fatos acerca das semelhanças são os mesmos para ambos; a sua interpretação é que se torna diferente, e isso realmente será sempre subjetivo.
Respondendo à semelhança nos nomes dos ossos, deve ser reconhecido que isso é exatamente o que se devia esperar no caso de um planejamento dos vários animais por um ser inteligente. Reconheçamos, também, que nenhum anatomista se enganaria tomando o rádio ou o cúbito de um pássaro pelos de um cão ou outro animal qualquer. Há consideráveis diferenças, embora o esquema seja o mesmo.
As edições do “Biologia Moderna” gozam de grande prestígio em todo o país, e são usadas avidamente por muitos professores de Biologia. Como livro-texto, dentre os que são mais difundidos, talvez seja ele o menos questionável com relação à “propaganda” da doutrina da evolução. Apesar disso, nenhum professor ou aluno deveria sequer pensar que suas páginas não ensinem a evolução. Realmente, a doutrina da evolução permeia o texto que será lido e estudado pelos jovens, e com a adição dos dados sobre “evidências” antropológicas da ascendência do homem, talvez ele tenha se tornado tão completo quanto qualquer outro livro-texto.
Nas mãos de um hábil professor que tenha aceito a história da evolução como apresentada no texto, ele pode tornar-se uma demonstração bastante convincente. Nas mãos de um professor que deseje apresentar ambos os lados da controvérsia evolução vs. criação, ele pode servir para mostrar porque os autores geralmente são cautelosos em não valorizar muito qualquer das “evidências”.
Talvez precisemos, portanto, esclarecer inicialmente nossos professores primários e secundários, porque aquilo que eles crêem e aceitam como fundamento científico é exatamente o que por sua vez passarão a ensinar a outros. Eu leciono para alunos que se especializam em Educação na Escola Primária, bem como para alunos de Biologia Geral que se dedicarão posteriormente ao ensino, e tenho notado em minha experiência própria que os jovens que cursam as faculdades planejando tornarem-se professores, geralmente são muito pouco preparados para enfrentar essa questão.
Muitos não percebem sequer que haverá um conflito, nas suas aulas, entre o que o Estado exige para ser usado como livro didático e (se forem de convicção criacionista) aquilo em que pessoalmente acreditam. Se já forem de convicção evolucionista, isso se deve a terem ouvido o suficiente para convencê-los quanto a algumas das suas amplas generalizações, porém sem pormenores suficientes para indicar a natureza ilusória dos seus argumentos, como por exemplo no caso da Homologia. Os fatos aí estão para serem vistos, mas o significado desses fatos é objeto da avaliação subjetiva de cada um.
Como já escrevi em outro artigo (28), os professores de Biologia no David Lipscomb College analisam as pretensões da evolução perante cada classe sob nossa supervisão. Ressalto que antes de se reconhecer uma doutrina falsa, torna-se necessário conhecê-la!
Passo agora a considerar outros livros didáticos de Biologia amplamente adotados no curso secundário, a saber, os três livros textos do BSCS (Biological Sciences Curriculum Study), iniciativa do American Institute of Biological Sciences visando ao melhor ensino de Biologia, e produzido sob a supervisão imediata do Diretor, Arnold B. Grobman, da Universidade do Colorado, em Boulder.
Refiro-me, de fato, às Versões Verde, Amarela e Azul, da série BSCS, cada uma das versões publicada por uma editora diferente. Farei citações de cada uma delas tendo em vista a maneira de apresentação do tema geral da evolução, e da Homologia em particular.
(Em conferências que realizei no verão passado na região de Denver, tive o privilégio de falar com dois dos autores da Versão Verde, ambos professores secundários. Um deles espontaneamente declarou que estava bastante desapontado e muito ressentido com algumas das audaciosas hipóteses feitas no livro; o outro admitiu que “talvez algumas afirmações fossem algo irrazoáveis”).
Versão Verde da Série BSCS
A Versão Verde é talvez a menos questionável das três ao advogar a evolução como um fato, pois apresenta uma abordagem ecológica. Porém, como ressaltei para um dos autores que contribuiu para essa versão, dificilmente fica coerente com uma total objetividade científica “instilar” a doutrina da evolução logo no primeiro capítulo (realmente, na pagina 19, onde se considera a interdependência da vida, e onde os dinossauros são utilizados para indicar vários tipos de consumidores!). Especialmente faço objeção à mistura de afirmações pouco adequadas e completamente autoritárias como a seguinte:
A Figura 1-12 dá uma impressão do que poderia ter-se passado há cerca de 180 milhões de anos, quando os dinossauros eram os maiores seres viventes. A maior parte dos atores desta cena desapareceu; outros evoluíram e abandonaram as suas partes. Entretanto, os processos foram contínuos (29).
É verdade que a legenda da Figura 1-12 lamenta o fato de que “o inter-relacionamento mostrado nesta figura não é tão certo” como o de uma figura precedente utilizando organismos existentes atualmente. Contudo, condeno o método aqui usado de supor a evolução como já demonstrada e forçar os jovens a aceitar afirmações como “outros evoluíram” sem ter sido dado o menor indício de evidência para a teoria pressuposta.
De fato, a única evidência ressaltada no livro é a dos restos fósseis, discutidos extensamente no capítulo sobre “Configurações da Vida no Passado”. A teoria de Oparin sobre a origem da vida é encaixada neste capítulo sob o título “A vida primitiva – o pré-cambriano”. É adotada, a idéia de predadores ou “consumidores” como os primeiros seres vivos, embora seja essa idéia considerada como “singular”, pois os produtores são supostos constituir a base primária de todos os processos vitais! Os autores dizem que a teoria de Oparin simplifica as coisas; é mais fácil imaginar como se iniciou a vida do que imaginar como se iniciou a fotossíntese! Independentemente da veracidade dessa afirmação, a hipótese heterotrófica ai está endossada vigorosamente!
Não achei nesse livro nenhuma referência direta à Homologia como “evidência” para a evolução, mas no capítulo sobre “O Animal Humano” é feita uma referência ao fato de que o homem pode ficar em pé, andar e correr nessa posição sobre suas pernas. Essa condição, diz o autor, deixa as suas mãos livres para manipular e carregar coisas – e isso envolve muitas modificações anatômicas. Entretanto, quais são essas modificações ou como surgiram, não é apresentado.
São dadas algumas diferenças distintivas entre o animal humano e os seus contemporâneos mais próximos, os símios. Uma diferença é que a cabeça é fixa à coluna vertebral, de tal modo que o homem pode olhar para a frente quando estiver em pé. No mesmo capítulo é descrita e discutida a chamada evidência fóssil do homem, sob o título “Tornando-se Humano”.
Duvido que um jovem, de idade condizente com o ano em que esse assunto é abordado na escola, não visse imediatamente que há um conflito direto entre o que ele ouve no domingo nos púlpitos, e o que o professor ensina durante a semana nas aulas de Biologia. A dúvida torna-se assim a sua aterradora e miserável companheira.
Não admira, portanto, que o relato bíblico da origem do homem seja desacreditado e que o evangelho seja anulado, porque o que se ensina é supostamente “científico”! Se qualquer aluno ousar levantar alguma dúvida concernente a esse conflito, é-lhe oferecida a alternativa da “evolução teísta”, como tantos jovens professores de Biologia dizem quando argüidos. Essa é a maneira pela qual “Deus o fez”, dizem eles.
Apelo para mais atenção por parte dos pais
Quantos pais sabem realmente que tais coisas como essas se encontram nos livros-textos de Biologia dos seus filhos que estudam no curso secundário, e quantos poderiam dar alguma resposta às suas perguntas cheias de dúvida? De fato, quantos pregadores mesmo o poderiam? Conheço uns poucos que estão bem preparados para “responder a qualquer que peça a razão de nossa fé”, nesse campo científico.
A propósito, essas questões poderiam ser respondidas tivesse o estudante um exemplar do livro de autoria de Rita Rhodes Ward, intitulado “No Princípio” (30). Onde quer que eu vá, incentivo os pais e dirigentes da Igreja a pôr um exemplar desse livro nas mãos de cada jovem, porém para alguns parece que a salvação da fé de um jovem por ocasião das suas dúvidas não vale o preço de $1,25! E essa é a tragédia toda – não é só a ciência na berlinda, mas também a fé!
Um exemplar da Introdução de Thompson para “A Origem”, mencionado anteriormente, poderia também ajudar a manter um rapaz ou uma moça em um firme fundamento! Estou ainda por achar um volume desses nas estantes de uma biblioteca de escola secundária, ou de qualquer biblioteca paroquial! Apesar disso, lá estão literalmente dezenas de livros escritos sob o ponto de vista evolucionista, inclusive a Série da Natureza, da Life, todos com belas ilustrações coloridas. Poderíamos fazer algo mais para ver livros escritos sob o ponto de vista criacionista colocados ao alcance dos jovens estudantes do curso secundário?
Um jovem professor em Dauville, Illinois (graduado na Universidade de Illinois, com um título de M.A. e alguns anos de experiência no ensino de Ciências) faz igual apelo aos pais e educadores simultaneamente:
Este livro não foi escrito para discutir a história da teoria da evolução ou o número de homens que a promoveram através dos anos. Volumosos livros têm sido escritos sobre o assunto por diversos eruditos. Infelizmente, a maior parte deles é a favor da evolução! Quase todos os livros de Biologia ou Ciências contêm alguns pensamentos sobre o assunto, de tal forma que o aluno médio de hoje é exposto a essa teoria desde o ano em que ingressa na sexta série da escola fundamental (Ênfase acrescentada – A evolução está, mesmo agora, sendo deslocada para as séries anteriores, sendo em alguns lugares ensinada já na segunda série – O Autor). Minha principal crítica a esse fato é que os alunos não têm oportunidade de ler bibliografia apresentando a história bíblica da Criação. O aluno que proteste contra a apresentação da evolução no seu livro didático, não tem nenhuma informação com que combater os pontos de vista nele apresentados, nem os de seu próprio professor. Muitos são soterrados pelas chamadas “evidências” que apoiam a evolução. O resultado é freqüentemente trágico (Ênfase acrescentada). A fé infantil na Bíblia é abalada e a pessoa é deixada a afundar-se, sem saber de onde obter auxílio. As enciclopédias falham neste ponto, como também a maior parte dos livros de referência. (Nota do Autor – A razão para isso é que os próprios autores são evolucionistas convictos, não sendo usualmente objetivos o suficiente para destacar qualquer outro ponto de vista. Entretanto, o World Book Encyclopaedia- edição de 1967, vol. 6, páginas 330-334, largamente usada pelos alunos, tem um muito bom tratamento do assunto, escrito por um evolucionista, Carrol Lane Fenton). Não conheço nenhuma obra de referência, normalmente usada nas escolas, que chegue sequer a mencionar o relato bíblico da Criação. Infelizmente, muitos ministros não são capazes de responder ao desafio dos textos, nem de aconselhar ao jovem necessitado (31).
Embora eu acredite que essa é realmente a situação, certamente os próprios jovens devem ser recriminados. Tenho achado muito poucos que realmente conhecem algo a respeito das “evidências”; a maior parte das minhas aulas freqüentemente é tomada para dizer-lhes aquilo que já deveriam saber.
Versão Amarela da Série da BSCS
A Versão Amarela da Série da BSCS apresenta uma abordagem bastante diferente, partindo de dez temas básicos da Biologia, o primeiro dos quais é “Mudança dos seres vivos através do tempo: evolução”. Esses temas básicos já foram examinados completa e adequadamente em um artigo prévio do “Creation Research Society Quarterly”, por Rita Ward (32) , mas merece ser repetido aqui o exame do primeiro tema.
A evolução é introduzida nessa versão da seguinte maneira: Um título afirma “Igual produz igual”, mas em seguida é invocada a evidência fóssil para mostrar que no decorrer do tempo os primeiros organismos “alteraram-se para se tornar os animais e plantas de hoje. Isto é evolução, antes ardentemente debatida, mas hoje uma teoria bem estabelecida” (33).
A autoridade dos especialistas é apresentada na afirmação: “A tremenda variedade de espécies de plantas e animais vivendo hoje na Terra é uma conseqüência da evolução – cada espécie tornando-se modificada para viver de seu próprio modo” (34). Eu pesoalmente creio que é tão igualmente “científico” argumentar que cada organismo foi planejado para viver de seu próprio modo, e que os ajustes e acomodações necessários para a vida são muito bem ilustrados em criaturas tais como o ornitorrinco e muitos outros.
Tive a minha atenção voltada para uma afirmação na página 9 da Versão Amarela na qual os autores dizem que um dos objetivos humanos na Biologia é, entre outros, “compreender as origens da vida e nos libertar de superstições e temores”. Apesar disso, após um completo tratamento da controvérsia sobre a geração espontânea ter sido dado no Capítulo 2, são apresentadas as surpreendentes afirmações, permita-se ressaltar, para apoiar a superstição da geração espontânea:
Todos os biologistas competentes são partidários da biogênese, aceitando o ponto de vista de que na Terra hoje a vida provém só de vida. … Sabemos que houve tempo em que na Terra não havia vida, que a vida apareceu posteriormente. Como? Julgamos que foi por geração espontânea! (Página 42, ênfase adicionada).
Todo o capítulo 36 é devotado à exposição da hipótese heterotrófica e da teoria de Oparin. Um subglobo de protoplasma é invocado como sendo um dos passos nesse tipo de “pensamento especulativo”, havendo também diversas referências a uma “fina sopa quente”. Todos esses argumentos têm sido adequadamente respondidos em publicações prévias desta Sociedade, bem como em outras publicações.
Quanto à Homologia, a Versão Amarela oferece como “prova” da evolução com as seguintes palavras:
Durante o curso da evolução, as estruturas dos vários descendentes do ancestral comum tornam-se cada vez mais diferentes. Em muitos casos, entretanto, permanece ainda alguma evidência de semelhança. Assim, a asa do morcego, o braço do homem e a nadadeira da baleia, todos apresentam a mesma base estrutural, a despeito da sua dissemelhança superficial. … Esse tipo de relacionamento é chamado de Homologia .. .(35).
Como “prova” da hipótese de que a semelhança somente pode ser conseqüência da evolução, invoca-se a idéia dos “órgãos vestigiais”. A lista de órgãos inclui o apêndice humano, que os autores dogmaticamente afirmam “não ter nenhuma função importante” e ainda que ele tem sido “removido de milhares de pessoas sem efeitos danosos” (página 607).
Pergunto se, por que um dos pulmões de uma pessoa com câncer pulmonar pode ser removido sem efeitos danosos, isso pode realmente tornar o órgão “sem utilidade”? São discriminados órgãos vestigiais para outros animais, como os “vestígios” dos membros posteriores das baleias, os membros traseiros ancestrais da jibóia, e as asas vestigiais do “kiwi”. Penso que Thompson já deu a resposta, citada anteriormente neste artigo, para todos esses argumentos. Da mesma maneira, Dewar insistiu no fato de que a falta de órgãos “nascentes”, que deveriam tornar-se úteis, representa um formidável obstáculo a esse tipo de raciocínio!
Os autores dessa Versão encerram o capítulo sobre Homologia com a seguinte pergunta, na página 607 – “De onde provém essa maravilhosa unidade e semelhança, que se torna evidente …?” Admitem eles “Certamente não precisaria surgir porque todos descenderam de um ancestral comum …” Mas como “em nossas experiências todos os organismos herdam as suas características dos seus ancestrais, a evolução é uma maneira de explicar a unidade ou o plano básico combinado com a diversidade de detalhes”. O apelo à Genética Moderna para apoiar aquilo que as hipóteses na Homologia parecem indicar, deve falhar, pois ainda é verdade que igual gera igual. Não são mencionados quaisquer outros pontos de vista!
Versão Azul da Série da BSCS
A última edição da Versão Azul da Série da BSCS, “Das Moléculas ao Homem”, não deixa dúvidas quanto ao uso todo permeante da evolução, através destas brilhantes palavras:
De todas as teorias que se estudem na Biologia, a teoria da evolução ocupa um lugar singular. É ela o mais abrangente dos grandes princípios unificadores da Biologia. Abrange tamanha porção dos fundamentos da Biologia, que a Ciência dificilmente poderia ser compreendida sem ela … Através deste livro tornar-se-á evidente que a teoria da evolução mediante a seleção natural é a mais importante estrutura da moderna Biologia (36).
Nas “Notas da Edição do Professor” consta esta afirmativa, que parece ser mais adequada do que a da edição previa (1963) com relação à aceitação da evolução como um fato. Creio que seria bom vermos por nós mesmos essa afirmação:
Embora a idéia de evolução seja uma idéia relativamente nova para muitos estudantes do curso secundário, alguns enfrentarão o assunto com preconceitos, muitos dos quais agirão como uma barreira à própria compreensão da evolução. Os autores sentem que a evolução deveria ser definida simplesmente como “descendência com modificação”, desde que a hipótese básica na teoria evolucionista é que os organismos vivos de hoje são formas modificadas dos seus ascendentes. Desde que o estudante compreenda essa hipótese fundamental, desaparecerão muitas das suas reservas preconcebidas sobre a evolução. Compreenderá ele que a evolução não é um fato, mas uma teoria científica proposta para descrever certas observações (37).
E apesar disso, é novamente mencionada nas notas do Professor a verdadeira abordagem da evolução pelos autores, como um princípio unificante. Os autores lamentam não ser dada nenhuma lista enciclopédica das “evidências” da evolução. O registro fóssil, declaram, é somente um dos “tipos de evidência em apoio”, entre os quais é descrita a Homologia.
Na minha opinião, as absurdas asserções da primeira edição da Versão Azul foram algo “amortecidas” nesta última edição, embora o conceito de Homologia seja dado de maneira bem definida. Pouco tem ele sido alterado desde os tempos da exposição de Darwin sobre o mesmo, e essa foi a razão pela qual iniciei o artigo com Darwin, apesar de hoje ser somente de importância histórica.
No capítulo sobre os sistemas ósseo e muscular, encontramos uma declaração bastante extensa referente à Homologia. Toda essa matéria sobre semelhança não se encontrava na edição prévia. Uma ilustração na nova edição mostra semelhanças essenciais entre o andar, o nadar, o cavar e o manusear com o membro dianteiro de tipos básicos de vertebrados. Os autores escrevem:
Os ossos dos membros dianteiros de vários vertebrados são comparados na Figura 24-5. À primeira vista você poderia pensar que os membros dianteiros esquerdos da salamandra, do crocodilo, dos pássaros, do morcego, da baleia, da toupeira e do homem fossem muito diferentes. … Esses membros são usados para atividades diferentes: andar, voar, nadar, cavar e manusear. Mesmo assim, se você olhar mais detidamente, você verá que os ossos desses membros são notavelmente semelhantes. … Pensa-se que tais semelhanças existam porque esses vertebrados descendem de um ancestral comum. (Ênfase acrescentada). … Supõe-se que os organismos com estruturas mais semelhantes são mais proximamente relacionados do que os que têm estruturas menos semelhantes (38). (Ênfase acrescentada).
Nas “notas para o estudante” cuidadosa e inteligentemente acrescentadas às páginas do livro (eu realmente recomendo esse método!) há uma referência ao fato de que esses são exemplos de Homologia, mas as palavras “homólogo” e “análogo” que tanto trabalho dão aos evolucionistas, não são jamais usadas nesta seção. Não fui capaz de achar o tópico relativo aos órgãos vestigiais mencionados no texto, o qual pelo menos no índice garanto que não consta.
Comparação final
Antes de concluir este artigo desejo apresentar algo sobre semelhança no ensino da Homologia em textos estrangeiros. Trata-se de um livro didático amplamente adotado nos países europeus de língua alemã. É a “Biologie” de Lindner, livro usado no Ginásio (ou “Hochschule”), em nível pré-universitário. Achei esse livro adotado na Universidade de Zürich, Suíça, e chamo a atenção para este pequeno trecho.
“Órgãos que demonstram a mesma configuração básica e a mesma posição em relação ao todo em diferentes grupos de animais ou plantas são chamados de órgãos homólogos … o seu plano básico comum somente pode ser explicado por apontar para a descendência de um ancestral comum” (39).
O apelo típico ao plano básico em apoio à evolução novamente é feito aqui. A frase “somente pode ser explicado … pela descendência de um ancestral comum” relembra algo da petulante observação de Dobzhansky: “De outra maneira, eles não tem sentido!”
Certamente nosso livro didático “A Search for Order in Complexity”, a ser publicado pela Creation Research Society, prestou à Biologia um grande serviço expondo essas falsas assertivas da Homologia como “prova” da evolução e mostrando que as semelhanças podem ser devidas tão facilmente a um grande Intelecto. A determinação de os organismos serem ou não intimamente relacionados entre si, com base nos órgãos homólogos, é fundamentada em considerações subjetivas e não somente em meios experimentais.
Referências
(1) Keeton, William T. 1969. Elements of biological science. W. W. Norton Co., New York. pp. 393-4.
(2) Shute, Evan. 1968. Flaws in the theory of evolution. Presbyterian and Reformed Publishing House, Philadelphia, Penn.
(3) Keeton, Op. cit., p. 393.
(4) Dewar, Douglas. 1938. More difficulties of the evolution theory. Thynne and Co., London. p. 25.
(5) Ibid., p. 25.
(6) Darwin, Charles. 1956. The Origin of Species. J. M. Dent and Co., London. p. 413.
(7) Clark, R. E. D. 1948. Darwin, before and after. Pater-noster Press, London. pp. 32-40.
(8) Darwin, C. Op. cit., pp. 414-5.
(9) Ver Symposium of the American Scientific Affiliation. 1950. Modern science and Christian faith. Van Kampen Press, Wheaton, Ill.
(l0) Darwin, C. Op. cit., p. 415.
(11) Thompson, W. R. 1956. Introduction (in) The origin of species. J.M. Dent and Co., London. p. XV.
(12) Rusch, Wilbert, Sr. 1966. Analysis of so-called evidences of evolution. Creation Research Society Annual. 3:7-8.
(13) Darwin, Op. cit., p. 415.
(14) Loc. cit.
(15) Clark, R. E. D. Op. cit., pp. 175-6.
(16) Biological Sciences Curriculum Study. 1963. Biological science, an inquiry into life. Yellow Version. Harcourt, Brace and World. Inc., N. Y. p. 460.
(17) Artist, R. C. 1962. Textbook of biology for Christian colleges. Book 3. Impressão privada. Nashville, Tenn.
(18) Ramm, Bernard. 1955. The Christian view of science and Scripture . Wm. Eerdmans, Grand Rapids, Mich.
(19) Eclesiastes 3:18-21. Tradução da King James Version.
(20) Huxley, T. H. 1898. Discourses biological and geological. Appleton Co., New York. pp. 200-201.
(21) Wodsedalak, J. E. e H. L. Dean. General biology laboratory guide. Wm. C. Brown Co., Dubuque, Iowa. p. 207.
(22) Fairhurst, A. 1897. Organic evolution considered. Standard Publishing Co., Cincinnati, Ohio.
(25) Temple, Frederick. 1884. The relation between science and religion. McMillan Co., N.Y.
(24) Elam, E. A. (Editor). 1925. The Bible vs. theories of evolution. Gospel Advocate Co.
(25) Moon, T. J., Paul B. Mann, and James H. Otto. 1956. Modern biology. Holt & Co., New York. p. 667.
(26) Moon, T. J., James H. Otto, and Albert Towle. 1963. Modern biology. Holt, Rhinehart and Winston, N. Y.
(27) Otto, James H. and Albert Towle. 1965. Modern biology. Holt Rhinehart and Winston, N. Y. p. 182.
(28) Artist, R. C. 1963. The Tennessee anti-evolution law, Journal of the American Scientific Affiliation, 15:77-78.
(29) Biological Sciences Curriculum Study. 1963. High School Biology, Versão Verde. Rand, McNally Co., N.Y. p. 19.
(30) Ward, Rita Rhodes. 1965. In the beginning. Sentinel Publishing Co., Lubbock, Texas.
(31) Riegle, David. 1962. Creation or Evolution? Zondervan Publishing Co., Grand Rapids, Mich. p. 5.
(32) Ward, Rita Rhodes. 1965. A critique of the BSCS biology books. Creation Research Society Quarterly, 2:5-8.
(33) Biological Sciences Curriculum Study. 1963. Biological science: an inquiry into life. Versão Amarela. Harcourt, Brace and World Inc., N. Y. p. 7
(34) Loc. cit.
(35) Ibid., p. 607.
(36) Biological Sciences Curriculum Study. 1969. Biological sciences-molecules to man. Versão Azul. Houghton, Mifflin Co., Boston. p. 84.
(37) Ibid., p. 11.
(38) Ibid., p. 608.
(39) Lindner, Hermann. 1949. Biologie. Metzlersch. Buchhandlung. Stuttgart. Germany. p. 310.
ESTRUTURA DAS PROTEÍNAS
(Esta Nota foi acrescentada à primeira edição deste número da Folha Criacionista)
A revista da Creation Research Society de junho de 1968 apresentou uma interessante notícia sobre o artigo de R. Bernhard publicado em 1967, no periódico Scientific Research nº 11, vol. 2, p. 59, com o título Heresy in the halls of Biology – Mathematicians question Darwinism. Nele, o autor trata da estrutura das proteínas, em termos de polipeptídeos.
Levando em conta a análise combinatória, o número teórico das proteínas possíveis é estimado em cerca de 10325, mas existem evidências de que muito poucas delas sejam de utilidade para manter os seres vivos.
Um exemplo de proteínas úteis é o das cadeias alfa e beta da hemoglobina humana A. As cadeias, ao serem dispostas as proteínas para efeito de comparação, mostram a concordância da composição e estrutura em 61 locais, discordância em 76, e a existência de nove hiatos. Pode ser alegado que uma das cadeias tenha evoluído da outra, e que isso tenha ocorrido a partir de mutações na seqüência de nucleotídeos no DNA. Dentre os 76 locais nos quais as cadeias diferem, 42 exigiriam a mutação de um nucleotídeo no DNA, 33 exigiriam duas alterações, e 1 exigiria duas. Tudo isso, juntamente com os nove hiatos, totaliza 120 “pontos de mutação” necessários para se passar da cadeia alfa para a cadeia beta.
Por outro lado, quando se pesquisa a distribuição dos aminoácidos ao longo das cadeias, verifica-se que existe uma diferença média de somente 1 a 0,5 por tipo de aminoácido, o que seria inacreditável se uma cadeia tivesse se transformado na outra por um processo que contivesse somente 120 etapas. Para os criacionistas, se isso tivesse acontecido na realidade, seria óbvio que algo estaria direcionando o processo!
Na realidade, não existem evidências de que processos de baixa probabilidade possam ter levado ao estabelecimento de populações de espécies estáveis a cada 10.000 ou 1.000.000 de anos. Não existem processos naturais com tão baixas probabilidades, e requerendo tão grandes intervalos de tempo para se estabilizarem. E, se por acaso existir algum na área da geologia ou da astronomia, certamente não decorre somente de simples eventos ao acaso.
De um ponto de vista estritamente termodinâmico, pode ser ressaltado que a cinética e o equilíbrio dos sistemas bioquímicos caracterizam-se por dois aspectos extraordinários: uma alta probabilidade para a existência de formas biologicamente funcionais, e um tempo bastante rápido.
O sistema genético é não somente um mapa – uma receita cuidadosamente escrita para produzir um organismo – mas também um algoritmo, um procedimento generativo minimizado. Se o sistema genético for um algoritmo, a linguagem em que está escrito deverá ter um alfabeto e, nessa analogia, é impossível que a linguagem fosse alterada por mudanças aleatórias nas letras do alfabeto, e ainda conseguisse manter sua consistência.