O sentimento de despreparo para o enfrentamento de possíveis contestações e debates sobre fé e religião no espaço acadêmico, em presença da ignorância difundida socialmente a respeito das questões que problematizam a cosmovisão evolucionista – como modelo ideológico predominante e resguardado no âmbito social -, foi o que motivou um grupo de jovens cristãos a se unirem e começarem um grupo de estudos criacionista.
Esse grupo, que nasce em agosto de 2016, se reúne mensalmente e persiste aos desafios iniciais, de modo a desenvolver um programa de leituras e a ampliar as relações e contatos entre criacionistas de várias partes do Brasil mediante as redes sociais e diversos eventos criacionistas. Com o apoio da Sociedade Criacionista Brasileira (SCB) e do Núcleo Maringaense da SCB (NUMAR-SCB), em setembro de 2017, o grupo de estudos londrinense se transforma em um núcleo: o NULON-SCB (Núcleo Londrinense da Sociedade Criacionista Brasileira).
Nessa ocasião, o NULON-SCB é formado por pessoas que estão em busca da construção e difusão de conhecimentos – o que nos impulsiona a atuar de diferentes formas, como pelo incentivo e continuidade de grupos de estudos, pela divulgação de conteúdos nas redes sociais e pela organização de eventos – dentro da cosmovisão criacionista bíblica. Compreendemos que as cosmovisões estão relacionadas à mentalidade diante da forma de conceber o mundo e a existência. Logo, o criacionismo se constitui como uma cosmovisão e um modelo de entendimento das origens muito amplo e complexo, que traz implicações determinantes para a construções conceituais em todas as áreas do conhecimento e da vida humana – como, por exemplo, os conceitos de natureza, vida, família, educação, ciência, religião, sociedade, política, e etc.
Inegavelmente estamos inseridos em escolas e universidades laicas, e até mesmo “religiosas”, onde o evolucionismo, o naturalismo e o relativismo imperam. Embora a “criticidade” seja uma aptidão defendida na maioria dos discursos educacionais para o desenvolvimento das capacidades reflexivas das pessoas, em prol de uma liberdade e autonomia intelectual contra a alienação social, percebemos que muitas vezes essa criticidade permanece apenas nos discursos. Muitos intelectuais que se dizem críticos apenas defendem e transmitem ideias e resultados conclusivos de pesquisas científicas que consideram como verdades, as quais contraditoriamente se baseiam em postulados não empíricos, aceitos de modo não crítico. Nesse sentido, dentro de um espaço acadêmico, onde a cosmovisão evolucionista impera, seu estudo sistemático e rigoroso é importante, inegavelmente. Contudo, o conhecimento e a aprendizagem de perspectivas que vão contra o senso comum e dominante, como o criacionismo, são imprescindíveis para o real desenvolvimento da criticidade de uma pessoa e um posicionamento sensato diante das informações e conhecimentos obtidos.
Deste modo, entendemos que o grupo de estudos criacionista foi uma alternativa – que é viável de ser realizada também em outros lugares – importante para auxiliar e contribuir com uma formação acadêmica mais crítica entre seus membros e aqueles com quem possuem contato. Isso porque, se alguém deseja se posicionar e se declarar como evolucionista ou criacionista, precisa conhecer bem as duas cosmovisões – e não apenas uma.