por Michelson Borges

Segundo matéria publicada no jornal O Globo, se fosse impresso como listas telefônicas, o genoma humano formaria uma pilha de volumes de cerca de 170 metros de altura, pouco menos da metade do tamanho do Pão de Açúcar (392m). Detalhe: certamente, ninguém aceitaria a hipótese absurda de que apenas uma lista telefônica pudesse surgir de uma explosão em uma gráfica; mas deixemos esse assunto de lado e prossigamos na leitura do texto do Globo: “Quando [o] primeiro rascunho [do genoma] foi completado em 2000, os cientistas ficaram surpresos em ver que apenas 2% das ‘palavras’ escritas com 3 bilhões de ‘letras’ nesses livros, por volta de 22 mil genes, faziam sentido, isto é, traziam informações para a fabricação das proteínas essenciais para a vida. O resto foi classificado como DNA ‘lixo’, ou não codificante. Agora, no entanto, uma série de 30 artigos publicados nas revistas Nature, Genome Research e Genome Biology mostra que boa parte, se não todo, esse ‘lixo’ tem função, regulando o funcionamento, a chamada expressão, dos genes, algo como um imenso painel de controle instalado no genoma humano.” Sim, você leu direito: painel de controle! Dá-lhe design inteligente!

“Agora o que tem que ir para o lixo é esta expressão ‘DNA lixo’”, diz acertadamente a pesquisadora Mayana Zatz, diretora do Centro de Estudos do Genoma Humano e do Instituto Nacional de Células-Tronco em Doenças Genéticas da USP. “Nunca acreditei nessa história de ‘DNA lixo’ porque seria impossível termos menos genes que outros organismos muito menos complexos, como o tomate (cujo genoma contém cerca de 32 mil genes), e mesmo assim sermos como somos. Sempre disse que tudo isso era apenas DNA cuja importância a gente ainda não entendia [grifo meu]. A natureza é sábia e não desperdiça material.” A natureza é sábia?!? Deixemos isso também pra lá.

 

Os artigos científicos foram produzidos por mais de 440 cientistas de 32 instituições espalhadas pelo mundo reunidos em um projeto batizado ENCODE (sigla em inglês para “enciclopédia de elementos do DNA”), criado em 2003 para tentar entender o significado dos trechos aparentemente incompreensíveis do DNA humano. Segundo O Globo, “os pesquisadores tiveram como ponto de partida justamente o fim do trabalho do Projeto Genoma Humano, iniciado em 1990 nos EUA e que anunciou o primeiro rascunho de 2000, seguido desde então por várias análises mais detalhadas. Em experimentos com 147 linhagens de células humanas cultivadas em laboratório, os cientistas verificaram que mais de 80% do genoma contêm elementos que podem ser relacionados a funções bioquímicas específicas, mapeando quatro milhões de regiões responsáveis por ativar ou desativar partes de nosso DNA”.

 

“O DNA humano é muito mais ativo do que esperávamos, e há muito mais coisas acontecendo do que imaginávamos”, resume Ewan Birney, do Laboratório Europeu de Biologia Molecular e um dos pesquisadores líderes do projeto ENCODE [grifo meu]. “Nosso genoma está simplesmente lotado de interruptores: milhões de locais que determinam quando e se um gene será ligado ou desligado.”

Lembra-se dos “órgãos vestigiais”? Alegava-se que eles seriam resquícios evolutivos de órgãos “deixados para trás”, sem função nos organismos modernos. Pois é, com o avanço da ciência, percebeu-se que eles têm funções, muitas vezes vitais! Lembra-se do tal “DNA lixo”? Pois é, mande essa expressão para o lixo da história da ciência. Os darwinistas alegavam que o ex-DNA lixo se tratava de “lixo” do processo evolutivo, sobras dos supostos milhões de anos de evolução biológica. Pois é, não era “lixo”. Com o avanço da genômica (ciência que tem se mostrado uma grande pedra no sapato dos evolucionistas por revelar complexidade específica além da imaginação), descobriu-se que, na verdade, o ex-DNA lixo é codificante, sim, senhor. O que falta a muitos cientistas, frequentemente, é humildade para admitir o que não sabem e bom senso para não empregar a teoria-explica-tudo [macroevolução] em toda e qualquer situação. Ponto para a ciência experimental!

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