No primeiro semestre de 2003 a Revista Criacionista número 68 publicou interessante e bem fundamentado artigo de autoria do conhecido criacionista turco Harun Yahya, sobre o fóssil que foi denominado “Microraptor-gui”, pretensamente um dinossauro com quatro asas de aves! Ficou claro, no artigo, que esse fóssil era uma fraude, e foi até alertado que estava havendo um grande “negócio da China” em torno do comércio de fósseis falsificados.
Vem agora o Jornal da Ciência n 2872 de 10/10/05 divulgar a notícia sobre a fraude do “Microraptor-gui”, que vem somar-se à do “Archaeoraptor” já desmascarada há cinco anos!
Transcrevemos aqui a notícia divulgada pelo Jornal da Ciência e o citado artigo de Harun Yahya:
DINO DE QUATRO ASAS É FRAUDE, DIZ CIENTISTA
Americano afirma que fóssil famoso de réptil emplumado chinês foi forjado; descobridor nega acusação
Autor: Claudio Angelo
O célebre dinossauro chinês de quatro asas que deixou os cientistas boquiabertos ao ser apresentado dois anos atrás, provavelmente não passa de uma fraude. A acusação foi feita por um pesquisador americano e abre na academia um debate sobre honestidade intelectual, tráfico de fósseis e colonialismo científico ocidental. O paleontólogo Tim Rowe, da Universidade do Texas em Austin, declarou à Folha que o fóssil do Microraptor gui – considerado uma das maiores descobertas científicas de 2003 – foi habilmente forjado a partir de restos de duas espécies de dinossauro e uma de ave. E enganou até os editores de uma das principais revistas científicas do mundo, “Nature” (http://www.nature.com), que publicou o achado em sua capa. “Acho que esse artigo precisa ser desmentido”, disse Rowe, em entrevista no laboratório de tomografia computadorizada de fósseis por raios X da universidade, que ele dirige.
O americano entende de fraudes paleontológicas. Foi ele quem desmontou, em 2000, a farsa do Archaeoraptor, outro fóssil chinês, trombeteado no final dos anos 1990 como o elo perdido entre dinossauros e aves – e que acabou entrando para a história como a maior falsificação da paleontologia moderna. A tomografia computadorizada do Archaeoraptor mostrou que o fóssil foi montado com a cauda de um pequeno dinossauro predador e o corpo de uma ave, colados em um pedaço de rocha por contrabandistas de fósseis chineses. Rowe diz acreditar que o mesmo tipo de montagem tenha sido feito no caso do Microraptor gui.
“Não consigo ver associação entre a parte anterior do fóssil [onde está a cabeça] e a posterior [onde está a cauda]”, disse o cientista.
A espécie, descrita por uma equipe chinesa liderada por Xing Xu, hoje no Museu Americano de História Natural, em Nova York, é considerada uma descoberta revolucionária por causa das penas longas não só nos braços (“asas”) como também nas pernas. Nela estaria a resposta a um dos grandes enigmas da evolução: como as aves, que descendem dos dinossauros, aprenderam a voar. Xu e seus colegas teorizaram que as penas do M. gui o habilitariam a saltar entre árvores com vôos curtos, planados, como fazem hoje alguns esquilos.
Com imagens do fóssil do artigo original da “Nature” abertas na tela de seu computador, Rowe vai apontando o que ele chama de “discrepâncias” no M. gui: “As fibras das penas não parecem continuar depois da fratura na rocha. E há uma diferença clara de densidade entre rochas que contêm diferentes partes do fóssil”, afirma. “Mas o que eu acho mais enervante é isso aqui”. Rowe aponta, então, para uma fratura na rocha na fotografia do fóssil. Na tomografia, ao lado, a mesma fratura parece apagada. “Eu não consigo explicar, pelas leis da física, como uma fratura pode aparecer numa foto e desaparecer numa tomografia. Mas posso explicar pelas leis da natureza humana. Isso parece “Photoshop” para mim”, afirma, referindo-se ao software que permite manipular imagens digitais.
Rowe diz que convidou Xu duas vezes para trazer o espécime para ser tomografado em Austin. A alta resolução do aparelho da universidade permitiria sanar quaisquer dúvidas. “Eu me ofereci para pagar todos os custos da viagem e o exame. Ele não aceitou.” Rowe diz que alertou o editor da “Nature” Henry Gee sobre a possível fraude. Gee disse não ter “nada definitivo” sobre o assunto. Procurado pela “Folha de SP”, Xu disse que não se recusou a levar o espécime para Austin. “O que aconteceu foi que, na primeira vez que ele fez o convite, eu estava atrapalhado me mudando para os EUA. Na segunda vez, o fóssil estava no Japão, e eu não iria tirá-lo da exposição. Ele não é meu chefe. Não sou obrigado a levar o espécime a Austin. Ele não teve paciência, o que me deixa meio com raiva.” O pesquisador, de 34 anos, que descreveu e batizou vários fósseis espetaculares de dinossauro emplumado da região de Liaoning, China, afirma não ter dúvidas sobre a autenticidade do M. gui.
Ele diz que, se alguém tem evidências em contrário, pode se sentir à vontade para publicá-las num periódico científico – o que Rowe não fez. “A tomografia computadorizada pode ser útil para obter informação sem danificar o espécime, mas também é verdade que a densidade de um único pedaço intacto de folhelho [tipo de rocha que contém os fósseis do M. gui] pode mudar dramaticamente.” Ele afirma ter visto esse padrão de preservação em pelo menos 15 espécimes de Liaoning. Mundos em choque. Xu acusa os paleontólogos norte-americanos de tentarem monopolizar o campo e de não aceitarem o trabalho de cientistas do Oriente. “Eles tentam dizer: “Este é nosso campo, nós sabemos tudo sobre ele e se você não tem as nossas técnicas, você está errado”. Rowe diz que as visões ocidentais e orientais de padrões científicos podem ser reconciliadas pelas novas tecnologias de imagem. Xu rebate: “A máquina dele vai ser juiz da autenticidade do meu espécime? Acho que não”.
(O jornalista Claudio Angelo viajou a Austin a convite da Sociedade de Jornalistas Ambientais (SEJ) dos EUA (Folha de SP, 8/10).
O ÚLTIMO PASSAROSSAURO E OS FATOS
O MICRORAPTOR GUI (MAIS UM “NEGÓCIO DA CHINA”!)
Autor: Harun Yahya
A respeito da notícia veiculada pela imprensa no início de fevereiro de 2003 sobre a descoberta de um fóssil intermediário entre os dinossauros e os pássaros, tendo quatro asas, o Dr Harun Yahya, conhecido cientista criacionista da Turquia, fez circular pelo correio eletrônico a apreciação seguinte, que traduzimos, com sua permissão, para nossos leitores, por se tratar de importante alerta para os incautos que inadvertidamente aceitam sem maior espírito crítico o sensacionalismo dos meios de comunicação:
Na semana passada (o e-mail é datado de 12/02/03) os meios de comunicação em todo o mundo alardearam a descoberta recente de um grupo de fósseis na China como evidência a favor da teoria da evolução. O Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia de Beijing divulgou uma declaração afirmando que um dos seis fósseis do grupo pertencia a um “passarossauro com quatro asas”, e que essa criatura extinta era capaz de voar, ou pelo menos planar saltando de árvores. A mídia darwinista novamente desenterrou sua velha propaganda “aves evoluíram a partir de dinossauros”, embora esta teoria já tivesse sido refutada completamente repetidas vezes. De fato, absolutamente não existem evidências que pudessem apoiar esta propaganda, pois nem este “passarossauro de quatro asas” nem quaisquer outros dados científicos apoiam a teoria de que as aves tenham evoluído a partir dos dinossauros.
O novo fóssil foi datado como sendo 20 milhões de anos mais recente do que o Archaeopteryx. Praticamente todas as pessoas que conhecem mesmo só um pouco de paleontologia já ouviram falar do Archaeopteryx. Esta criatura, um dos mais celebrados achados fósseis, era uma ave que teria vivido há cerca de 150 milhões de anos, na escala de tempo geológica evolutiva. O mais importante sobre o Archaeopteryx é que ele é a ave mais antiga até hoje descoberta. Nenhum cientista desenterrou qualquer ave fóssil datada como sendo anterior ao Archaeopteryx.
Outro impressionante aspecto do Archaeopteryx é ser ele uma verdadeira ave, com todas as características de ave. Suas penas assimétricas, idênticas às das aves atuais, juntamente com sua estrutura perfeita das asas, esqueleto leve com ossos ocos, esterno sustentando os músculos das asas, e muitas outras características, convenceram os cientistas de que ele era uma ave plenamente capaz de voar.
Entretanto, dois aspectos do Archaeopteryx que diferem grandemente das aves modernas são suas asas com garras, e os dentes em seu bico. Devido a essas duas características, os evolucionistas desde o século XIX tentaram apresentar essa ave como sendo um “semi-réptil”. Porém essas características não apontam para um elo entre o Archaeopteryx e os répteis. As pesquisas mostram que o hoatzin, uma espécie de ave que ainda vive em nossos dias, também tem garras em suas asas na sua forma juvenil. E o Archaeopteryx não é a única “ave com dentes”, pois outras espécies de aves representadas no registro fóssil também apresentam dentes.
Assim, como se pode ver, a tese evolucionista que caracteriza o Archaeopteryx como uma “ave primitiva” é incorreta, e de fato os cientistas passaram a aceitar que essa criatura parece muito mais com as aves atuais. Por exemplo, o Professor Alan Feduccia, da Universidade do Kansas, um dos mais eminentes ornitologistas do mundo, afirmou que “a maioria dos pesquisadores que têm estudado várias características anatômicas do Archaeopteryx têm achado que essa criatura é muito mais semelhante às aves do que previamente imaginado”. A propaganda darwinista sobre o Archaeopteryx não tem fundamento, e o Prof. Feduccia indicou também que, até recentemente, “a semelhança do Archaeopteryx com os dinossauros terópodos tem sido grandemente superestimada”. Em suma, então, o Archaeopteryx é a ave mais antiga (na escala geológica evolutiva ele tem 150 milhões de anos) que apresenta características semelhantes às das aves modernas e que tem o mesmo poder de vôo.
O problema da idade para os evolucionistas
O Archaeopteryx ressalta uma incongruência fundamental na estrutura conceitual evolucionista – as aves teriam existido há 150 milhões de anos, já com capacidade de voar, e portanto, os “ancestrais das aves”, deveriam ser mais antigos do que esses 150 milhões de anos. Este fato, por si só, é suficiente para mostrar que a alegação da existência do “passarossauro de quatro asas” divulgada pelo mundo todo é tanto extremamente superficial como errônea. De fato, o fóssil chinês denominado Microraptor-gui, que os evolucionistas estão tentando descrever como o “ancestral das aves primitivas” teria somente 130 milhões de anos na escala geológica – 20 milhões de anos a menos do que a ave mais antiga conhecida. Obviamente é um enorme contrassenso a apresentação de uma ave como “ancestral das aves primitivas”, quando as aves estariam voando nos ares vinte milhões de anos antes que essa criatura existisse!
Realmente, esse “problema cronológico” existe com todos os fósseis de “passarossauros” que são considerados como supostos ancestrais das aves. Os evolucionistas que acreditam que as aves descenderam dos dinossauros afirmam que os ancestrais das aves foram os dinossauros terópodos, que eram bípedes. Entretanto, os dinossauros terópodos aparecem depois do Archaeopteryx no registro fóssil, e os evolucionistas sempre procuraram encobrir estas flagrantes contradições. Os mesmos esforços para encobrir esses fatos podem também ser vistos nas notícias de jornais acerca do fóssil Microraptor-gui. Todos os jornais e revistas evolucionistas alardeando esse fóssil como um “pássaro primitivo” de 130 milhões de anos, jamais se preocuparam em mencionar que o Archaeopteryx indiscutivelmente era capaz de se deslocar nos ares perfeitamente há cerca de 20 milhões de anos antes.
Microraptor-gui
Então, o que vem a ser o chamado “dinossauro de quatro asas”, ou em outras palavras, o Microraptor-gui?
É muito cedo ainda para responder essa pergunta. Muita pesquisa será feita sobre esse fóssil, cujos resultados poderão alterar fundamentalmente os pontos de vista atuais a seu respeito. De maneira semelhante, todos os fósseis de “passarossauros” surgidos desde o início da década de 1990 foram, sem exceção, desacreditados. Um desses “dinossauros emplumados”, o Archaeoraptor, foi comprovadamente uma fraude. Estudos detalhados sobre outros fósseis de “passarossauros” mostraram que as “penas” eram na realidade fibras de colágeno sob a pele. Nas palavras do Professor Feduccia, “Muitos dinossauros foram representados com uma cobertura de penas de formato aerodinâmico, absolutamente sem qualquer documentação.” Em seu livro publicado em 1999, escreveu ele: “Finalmente nenhum dinossauro emplumado jamais foi encontrado, embora muitos dinossauros mumificados, com pele bem conservada, sejam conhecidos em diversas localidades.”
Fóssil do Microraptor-gui
Portanto, ao procurar responder o que exatamente é o Microraptor-gui, devemos ter em mente a atitude especulativa e preconceituosa dos evolucionistas. Essa criatura deveria ter uma estrutura anatômica consideravelmente diferente dos esquemas da “reconstrução” que apareceu nos meios de comunicação.
Isto também foi observado pelo Professor Alan Feduccia. Em correspondência recente escreveu ele:
”Não estou ainda convencido de que a criatura tenha quatro asas. Poderíamos estar vendo penas de asas deslocadas de seu lugar, ficando difícil a sua interpretação. Também as características que ligam este animal ao dromeossauro são muito tênues. Certamente a cauda é muito diferente da cauda dos dromeossauros conhecidos, e a garra não é falciforme, mas somente um pouco maior. O pubis também é mais semelhante ao de aves. Talvez não estejamos vendo um dromeossauro voador, mas sim um remanescente da irradiação inicial das aves … alguns 20 a 30 milhões de anos após o Archaeopteryx.”
E mesmo que as projeções feitas a respeito do Microraptor-gui venham a se mostrar corretas, a teoria da evolução não ganharia nenhuma credibilidade por essa causa. No decorrer da história, dezenas de milhões de espécies viveram dentro de um vasto espectro biológico, e muitas delas foram extintas em certas épocas. Da mesma maneira que presenciamos mamíferos voadores atuais, como os morcegos, épocas anteriores presenciaram a existência de répteis alados (pterossauros). Muitos grupos distintos de répteis marinhos (por exemplo os ictiossauros) viveram no passado e foram extintos. Porém, o impressionante com relação a esse amplo espectro é que criaturas com diferentes características e estruturas anatômicas, apareceram abruptamente e plenamente formadas, e não evoluindo de formas ancestrais “mais primitivas”. Por exemplo, vemos todas as complexas estruturas das aves aparecendo repentinamente no Archaeopteryx. Não existem “aves primitivas” nem “vôo primitivo”. A própria noção de “pulmão primitivo” das aves desafia todas as possibilidades, pois o pulmão das aves – estruturalmente muito diferente do pulmão dos répteis e dos mamíferos – tem uma estrutura irredutivelmente complexa. Em suma, o registro fóssil continua a sustentar a conclusão de que todas as criaturas apareceram na face da Terra por criação e não por evolução natural.
As alegações feitas neste último episódio do “passarossauro” não alteram, e não podem alterar, este fato.