Julio Garrido

Diretor do Departamento de Documentação da Universidade Autônoma de Madrid, Espanha, e tem o grau de Doutor em Ciências.

 

Resumo

Este pequeno artigo constitui uma tentativa para mostrar (através de um diagrama, acompanhado de uma justificação escrita) que a teoria da evolução se situa numa zona do conhecimento humano que na melhor das hipóteses é mera conjectura. Como o relato bíblico da criação antes de mais nada é um testemunho, ou um relato de acontecimentos reais, ele deve ser considerado como superior a quaisquer teorias humanas que se relacionem com as origens. 

 

Métodos de Estudo e Dimensões no Espaço e no Tempo

O método de estudo ao alcance do homem é sempre determinado pelas dimensões do espaço e do tempo. Pode ele fazer uma análise direta dos objetos localizados nas suas imediações, desde que estes mesmos objetos sejam de tal dimensão que possam ser facilmente acessíveis aos seus sentidos.

Entretanto, quando o homem desejar relacionar-se com a estrutura ou as propriedades de objetos que diferem consideravelmente, em tamanho, das dimensões do seu próprio corpo, deverá lançar mão de instrumentos tais como o telescópio ou o microscópio, projetados especialmente para tarefas específicas.

Quando as estruturas e os fenômenos se relacionam com dimensões não diretamente atingíveis pelos instrumentos, o nosso conhecimento pode ser conseguido através de deduções. Essas deduções se baseiam em dados obtidos pelos métodos experimentais e avaliados pelas nossas faculdades racionais.

No caso de estruturas com dimensões que são grandemente diferentes daquelas do corpo humano (tais como os núcleos atômicos ou as hiper-galáxias) é praticamente impossível conceber uma representação espacial que possa ser aceitável aos sentidos humanos. Em tais casos, a realidade é melhor representada por fórmulas matemáticas somente, por não existir uma imagem sensorial válida!

Com relação ao tempo, tanto quanto ao espaço, a capacidade de observação do homem é também limitada. Os fenômenos que ocorrem dentro de um intervalo de tempo adequado (nem muito longo, nem muito curto) podem ser descritos por estimativas com elevado grau de exatidão. Quando as dimensões do tempo não podem ser atingidas diretamente pelos seus sentidos, o Homem deve novamente empregar instrumentos ou apelar para métodos dedutivos que ampliem o seu poder de observação (Consulte a Figura 1). A imagem assim obtida pode uma vez mais ser somente uma representação esquemática, melhor expressa através de uma equação matemática.

Tratando-se de dimensões extremamente pequenas, ou intervalos de tempo extremamente curtos, a imagem produzida é em geral uma média que tem somente valor estatístico, não podendo os fenômenos individualmente ser medidos diretamente. O Princípio da Indeterminação de Heisenberg estabelece que o próprio ato de observação de tais minúsculos fenômenos cria perturbações que podem ser maiores do que o fenômeno em estudo!

No caso de fenômenos de longa duração (além dos limites da observação humana) o estudo pode ser feito somente assumindo permanência das condições sob as quais o fenômeno se desenvolve. Resultados de tais estudos estão continuamente sujeitos a revisão, e na melhor das hipóteses são conjecturas. Quando uma pessoa tenta estender o seu entendimento além das suas próprias dimensões (tanto no tempo como no espaço), o seu conhecimento científico torna-se limitado severamente! Essas relações e limitações são resumidas graficamente na Figura 1.

Figura 1 – Esta figura representa as fontes de nosso conhecimento e compreensão, com relação às estruturas e fenômenos e sua relação com o tempo e o tamanho.

A representação envolve logaritmos na base l0 para o tempo em segundos no eixo dos X e logaritmos na base l0 para as dimensões lineares em centímetros no eixo dos Y. O plano assim definido pode ser dividido em cinco áreas, em correspondência com os procedimentos utilizados na aquisição do conhecimento.

A primeira região corresponde ao conhecimento sensorial que inclui dimensões de 0,1mm a alguns milhares de quilômetros, e intervalos de tempo de um segundo até o período da vida do observador.

Na segunda área, a capacidade sensorial é aumentada com o uso de instrumentos tais como microscópios, telescópios, filmadoras ultra-rápidas, etc. Os limites dessa área são móveis e avançam continuamente em conseqüência do desenvolvimento tecnológico.

Além da área de observação experimental, há outra área que pode ser atingida com a aplicação de métodos dedutivos que são mais ou menos fidedignos.

No caso de fenômenos de duração maior do que o período de vida do observador tem-se de recorrer ao testemunho de pessoas dignas de fé. Portanto, fica definida uma nova zona, limitada obviamente ao período histórico.

À direita desta zona, isto é, no caso de fenômenos de duração maior do que a história escrita, pode-se somente conjecturar a respeito da maneira pela qual ocorreu o fenômeno. É nessa “zona de conjectura” que se coloca a pretensa evolução biológica.

 

Limitações das Teorias Científicas

As teorias científicas são propostas para atingir o objetivo de prover amplas bases ao conhecimento humano. Quanto mais abrangente seja uma teoria científica no seu escopo, tanto mais ela é sujeita a uma possível revisão. Conclusões de cientistas tornam-se cada vez mais problemáticas à medida em que se deslocam além da descrição da realidade concreta.

Ainda que teorias gerais tenham valor como base para novas experiências e também para exposição pedagógica, a sua existência é freqüentemente transitória. O método científico dá excelentes resultados para descrição e explicação de aspectos parciais da realidade, mas grande cuidado deve ser tomado ao se tentar com ele tirar conclusões gerais.

Teoria da Evolução em Particular

Diversas desvantagens fundamentais devem ser apresentadas com relação à teoria da evolução. Em primeiro lugar, ela é uma teoria geral que abrange, dentro de uma ideia simples e universal, um grande número de acontecimentos. Por essa razão, a teoria da evolução estende-se bastante além do domínio usual da teoria científica, fato este que deveria exigir de seus defensores a necessária precaução.

Em segundo lugar, os defensores da teoria da evolução usam-na para reduzir acontecimentos passados a esquemas que são baseados só em estimativas dos fenômenos atuais. Isto imediatamente coloca a Teoria da Evolução na “zona de conjectura” (Ver Figura 1). Usando a Teoria da Evolução, os homens se aventuram a adivinhar a maneira sob a qual certos acontecimentos (por exemplo, a origem das espécies) podem ter ocorrido no passado.

Esta conjectura é supostamente baseada em “probabilidades”. Entretanto, não repousa a nossa estimativa da “probabilidade”, em última análise, naquilo que ocorre mais freqüentemente perante os nossos olhos?

Em Análise Histórica é infundado supor que acontecimentos que ocorram mais freqüentemente hoje em dia sejam necessariamente aqueles que se deram no passado. Além disso, ironicamente para a Teoria da Evolução, se fosse tentada uma teoria da evolução baseada sobre a noção de probabilidade, com surpresa se descobriria que os acontecimentos naturais demonstram a fixidez dos tipos biológicos e provêm pouca ou nenhuma base para o transformismo.

Conhecimento do Passado

Se o Homem deseja realmente compreender os aspectos do passado que não são iterativos, o único sistema válido (como os historiadores sabem) é através de testemunhas inteligentes e fiéis. É somente desta maneira que se pode adquirir o conhecimento da história detalhada da humanidade.

Tal conhecimento específico não pode ser atingido através de deduções lógicas, pois as deduções são sujeitas sempre à discussão e revisão. Quanto mais extensiva se torna uma dedução, tanto mais ela tende a ser inexata de maneira particular. No domínio da história, portanto, a testemunha dá a informação por excelência.

Felizmente temos uma segura fonte de informação para o estudo que diz respeito à origem dos seres vivos. Esta fonte é a revelação como ela aparece nas imutáveis Sagradas Escrituras. Essa revelação nos informa quanto à origem dos seres vivos e da humanidade, de uma maneira esquemática, mas clara e precisa.

Apesar disso, a teoria da evolução está muito em moda no presente, e é admitida como um dogma inquestionável por inúmeros cientistas. Alguns ousam dizer, contra o próprio raciocínio lógico, que a evolução não é uma teoria, mas um fato científico. A falsidade de tal asserção se torna clara quando se consideram as limitações do conhecimento humano relativamente aos acontecimentos passados.

Os adeptos do naturalismo, que não aceitam nenhum ato de Deus no mundo e nem a ideia da criação do homem, lançaram um número bastante grande de suposições e hipóteses mais ou menos fantásticas. Algumas destas são ridículas, tais como as que foram propostas pelos estóicos, que pensavam que o primeiro homem tivesse surgido da terra espontaneamente, como um cogumelo! Os monistas, por outro lado, admitem que o homem é o resultado da sorte, o que envolveria a possibilidade de que átomos se combinassem para formar estruturas cada vez mais complexas. Afirmam eles que no final de muitos milhões de anos o homem teria surgido de uma dessas combinações.

É surpreendente verificar que os evolucionistas, que são usualmente agnósticos com relação a assuntos tão importantes quanto à imortalidade da alma, abandonem a sua posição agnóstica ao se referirem à origem dos seres vivos! No caso das origens seria mais prudente dizerem “nós não sabemos”, do que postular hipóteses frágeis, se não inacreditáveis.

 

Evolucionismo Teísta

Grande número de evolucionistas professamente cristãos dá o mesmo valor (em certos casos maior valor) para as suas teorias científicas, em comparação com a Palavra de Deus; desta maneira desejam adaptar o significado do texto sagrado às suas idéias e conclusões. Propõem eles interpretar as claras narrativas da Bíblia de maneira a dizer “Deus insuflou uma alma num ser animal pré-existente e por este ato o primeiro homem veio a existir”.

Manter estas interpretações do texto sagrado é simples e claramente negar o seu valor. Se, em assunto de tal importância, a Bíblia pode conter muitos erros grosseiros, qual será então o valor de todas as suas outras afirmações? Os evolucionistas cristãos virtualmente admitem que as suas teorias e conclusões são mais fidedignas do que as Sagradas Escrituras. Isto é comparável a uma situação na qual um historiador desse mais importância às conclusões por ele tiradas (destituídas de evidências), do que a um documento claro e fiel.

 

A Origem do Homem

As Escrituras Sagradas dizem que a humanidade se originou de um único casal, Adão e Eva. A Bíblia diz que o primeiro homem foi criado, e que Deus, através de uma operação misteriosa, formou a mulher de uma parte do corpo do homem. Esse fato acentua a unidade e a singularidade da criação do homem, independentemente dos animais.

O ponto de vista bíblico que enfatiza a origem comum de toda a humanidade é oposto ao poligenismo, que se baseia na ideia de que a raça humana tenha se originado de numerosos casais sem nenhuma relação entre si, e que em sua origem teriam sido animais simiescos, nos chamados “centros de hominização”. É importante ressaltar que a Bíblia, sendo monogenista para a espécie humana, é poligenista para as espécies animais.

Apesar disto, alguns cientistas com idéias fixas evolucionistas advogam exatamente a tese oposta – que há basicamente uma origem monogenista de todas as espécies animais, incluindo a humanidade, e sobreposta a ela uma origem poligenista de todas as raças humanas. A não ser pela sua origem, proveniente da herança genética comum da espécie animal, da qual essas raças humanas presumivelmente tenham evoluído, elas não teriam nenhuma relação entre si. Isto é certamente muito diferente do parentesco resultante da origem de todas as raças a partir de Adão e Eva. Aqui, novamente, esta atitude dá mais importância às teorias e conclusões provisórias de pensadores, do que as afirmações positivas das Escrituras Sagradas.

(Esta Nota foi acrescentada à primeira edição deste número da Folha/Revista Criacionista)

Este artigo de Julio Garrido posteriormente foi ampliado em seu escopo, pelos Editores da Folha Criacionista, no artigo “As Limitações do Conhecimento Humano”, publicado no número 58 deste periódico, de março de 1998, pp. 36 a 38.

 

 

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